Saraiva diz que foi convidado por Ramagem para assumir chefia da PF no Rio

Saraiva diz que foi convidado por Ramagem para assumir chefia da PF no Rio

Superintendente no Amazonas foi o nome que o presidente Jair Bolsonaro tentou emplacar em agosto do ano passado

Estadão Conteúdo

Alexandre Ramagem foi indicado por Bolsonaro para a direção-geral da Polícia Federal, mas teve a nomeação suspensa por ordem do ministro Alexandre de Moraes

publicidade

O delegado Alexandre Saraiva, da superintendência da Polícia Federal no Amazonas, relatou em depoimento ter recebido convite do atual diretor da Abin, Alexandre Ramagem, para ocupar a chefia da PF no Rio de Janeiro. A proposta teria sido feita "no início do segundo semestre" do ano passado, época em que o presidente Jair Bolsonaro tentou emplacar o seu nome para comandar a corporação fluminense.

Alexandre Ramagem foi indicado por Bolsonaro para a direção-geral da Polícia Federal, mas teve a nomeação suspensa por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. De acordo com Saraiva, Ramagem, de quem é próximo, o telefonou para convidá-lo para ser superintendente no Rio de Janeiro, "afirmando que o presidente da República tinha alguns nomes para sugerir ao ex-ministro Sérgio Moro para ocupar a função".

O superintendente no Amazonas teria aceitado o convite, mas relatou a Ramagem que "não acreditava que seu nome fosse efetivamente indicado para assumir a Superintendência do Rio". O motivo seria o fato do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, não ter indicado nenhum delegado ocupante da região da Amazônia Legal para uma posição de comando no litoral do País.

Após o telefonema, Saraiva relata que teve um encontro com o então ministro Sérgio Moro no aeroporto de Manaus, ocasião em que foi questionado por Moro da seguinte forma: "Saraiva, que história é essa de você no Rio de Janeiro?". O superintendente relatou o telefonema de Ramagem, destacando as mesmas ressalvas feitas ao atual diretor da Abin sobre as chances de sua indicação ser efetivada.

À Polícia Federal, Saraiva afirma que Moro teve uma "atitude extremamente correta e digna em relação à sua pessoa". O então ministro, relata, finalizou a conversa dizendo que "estava sabendo dos fatos" e que ele podia ficar tranquilo. De acordo com Saraiva, a indicação ao seu nome para a PF no Rio teria encontrado resistência na administração do então diretor-geral Maurício Valeixo.

Ministério do Meio Ambiente. Saraiva também relatou à PF que foi sondado pelo presidente Bolsonaro para assumir o Ministério do Meio Ambiente durante a transição do governo, no final de 2018. “Na conversa, o presidente deixou claro que estava sondando também outras pessoas para o cargo”, relatou Saraiva. Segundo ele, a conversa durou duas horas e tratou de questões ambientais.”

Saraiva afirmou que a sondagem para assumir a superintendência do Rio, ‘assim como os demais convites que lhe foram formulados ao longo da sua carreira, inclusive pelo presidente Bolsonaro e pelo ministro Moro’, não se revestiam de ‘nenhuma missão ou intenção pontual e específica de interesse’ do governo. “Se assim fosse, prontamente rechaçaria”, disse.

Ao ser questionado se Ramagem lhe disse algo sobre a produtividade da superintendência no Rio de Janeiro, Saraiva negou, mas disse que "todos sabiam que não é lá essas coisas", mesmo a corporação fluminense ter saltado da 24ª posição para a 4ª durante a gestão de Ricardo Saadi.

"Os índices de produtividade operacionais parciais não refletem a realidade operacional verdadeira de nenhuma das unidades da Federação” Saraiva disse que, em seu entendimento, a frase do presidente ‘Moro, você tem 27 superintendências, eu só quero uma’ se tratava um prestígio à ‘meritocracia da Polícia Federal’ com a sua indicação, visto que ele é o superintendente mais longevo em atuação.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895