Secretário de Defesa Social de Pernambuco entrega cargo após violência da PM em protesto

Secretário de Defesa Social de Pernambuco entrega cargo após violência da PM em protesto

Antonio de Pádua disse que "os fatos ocorridos no último sábado foram graves e precisam ser investigados de forma ampla e irrestrita"

AE

No último sábado, uma manifestação contra Jair Bolsonaro, no Recife, terminou em tumulto

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O caso de violência policial contra manifestantes pacíficos no Recife no sábado passado levou à queda do secretário de Defesa Social, responsável pelo comando da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), Antonio de Pádua. Ele colocou o cargo à disposição do governador Paulo Câmara (PSB) na tarde de sexta-feira, 4, e foi substituído interinamente por Humberto Freire, que é delegado da Polícia Federal (PF).

"Os fatos ocorridos no último sábado foram graves e precisam ser investigados de forma ampla e irrestrita. Minha formação profissional e humanística repudia, de forma veemente, a maneira como aquela ação foi executada. Seis dias depois do episódio, com um novo comandante à frente da PM, com todos os procedimentos investigatórios instaurados e após prestar contas à Assembleia Legislativa, à OAB e ao Ministério Público, entreguei meu cargo ao governador Paulo Câmara, com a certeza do dever cumprido e mantendo nosso compromisso com a transparência e o devido processo legal", declarou Antonio de Pádua em nota.

Assim como o novo secretário interino da pasta, Pádua também era delegado federal e esteve à frente da Secretaria de Defesa Social (SDS) desde 1º de julho de 2017. O novo secretário fazia parte da equipe desde o início da gestão.

Pádua afirmou que jamais deixou de assumir suas responsabilidades como coordenador das forças de seguranças do Estado. "Tenho a plena consciência de que as instituições são mais importantes que as pessoas. E devem seguir, cada vez mais fortes e sintonizadas com os anseios de todos. Finalizo meus trabalhos neste cargo com a tranquilidade do dever cumprido e com a certeza de que a política pública de segurança do Estado seguirá vitoriosa", disse.

Na manhã da última sexta-feira, Paulo Câmara empossou o novo comandante da PMPE, o coronel Roberto Santana, que assume o posto do coronel Vanildo Maranhão. "A missão dada ao secretário Freire e ao comandante Roberto é que o episódio do último sábado não seja esquecido, para que nunca se repita. Os protocolos precisam ser revistos para que um comando de tropa na rua não possa se sentir autônomo a ponto de agir da maneira que agiu", disse o governador.

No último sábado, 29, uma manifestação contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, no Recife, terminou em tumulto. A polícia interrompeu o ato que, segundo participantes, acontecia de maneira pacífica, e atirou com balas de borracha e lançou bombas de gás lacrimogêneo contra os presentes.

Dois homens foram gravemente feridos pelos tiros e perderam parte da visão. O governo garantiu que iria indenizar as vítimas e, no mesmo dia, Câmara ordenou a abertura de inquérito para apurar o caso. Segundo especialistas, a ação expõe o risco de radicalização política nas PMs.

 

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