Sem reforma, não há garantia de que pagamentos serão feitos, diz Guedes

Sem reforma, não há garantia de que pagamentos serão feitos, diz Guedes

Ministro da Economia destacou ainda que "buraco fiscal ameaça engolir o Brasil e precisa ser atacado"

AE

Paulo Guedes tentou fugir das armadilhas da oposição e traçar uma estratégia de defesa da reforma da Previdência

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No primeiro reencontro com o Congresso após ser chamado de "tigrão" com os pobres e "tchuchuca" com os ricos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou fugir das armadilhas da oposição e traçar uma estratégia de defesa da reforma da Previdência. Em audiência pública na Comissão Especial, ele alertou que, sem a aprovação da proposta, o País corre o risco de não conseguir garantir o pagamento a aposentados. "É um buraco fiscal que ameaça engolir o Brasil e precisa ser atacado", disse nesta quarta-feira.

Guedes adotou na maior parte do tempo um tom ameno e recorreu a palavras didáticas para explicar a reforma. Mas o clima ameaçou esquentar já no fim da audiência e o ministro precisou ser acudido, pelo menos três vezes, pelo presidente da comissão, deputado Marcelo Ramos (PR-AM), e por deputados do PSL, do presidente Jair Bolsonaro. Para mostrar a importância da proposta, ele contou com o auxílio do secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, que foi deputado federal por três mandatos.

O secretário preparou uma espécie de "vacina" para o discurso da oposição de que a reforma afeta sobretudo os mais pobres. "O impacto que recai sobre os servidores é 14 vezes mais forte que no INSS", disse Marinho. Ele exibiu cálculos que mostram que a economia de R$ 807,9 bilhões esperada com a reforma no INSS em 10 anos recairá sobre 71,3 milhões de segurados - resultando numa economia por indivíduo de R$ 11,3 mil. Já no caso dos servidores federais, a mudança poupará R$ 224 bilhões em uma década, mas o número de atingidos é menor, de 1,4 milhão, e a economia por indivíduo é de R$ 157 mil.

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Guedes, por sua vez, tentou convencer os parlamentares de que o regime atual está condenado. "Há 40 anos, tínhamos 14 contribuintes por idoso. Hoje são 7 contribuintes por idoso, e quando filhos e netos dos presentes aqui pensarem em se aposentar, serão 2,3 jovens para cada idoso. O sistema já está condenado à quebra", disse.

Ele lembrou que Estados, inclusive os governados pela oposição, enfrentam dificuldades para pagar salários e aposentadorias. Ele voltou a defender a criação de regime de capitalização, uma espécie de poupança individual dos trabalhadores, e disse que as regras de funcionamento desse sistema serão discutidas com o Congresso.

O líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), disse, porém, que o grupo combaterá "com todas as forças" o modelo de capitalização. Segundo ele, mesmo países que optaram pelo regime, como o Chile, já fizeram mudanças no modelo. "Não somos contra por razão filosófica apenas, é porque não dá certo. Não deu certo em lugar nenhum", disse.


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