Testes de mísseis hipersônicos chineses trazem grande preocupação para os EUA

Testes de mísseis hipersônicos chineses trazem grande preocupação para os EUA

País asiático lançou em agosto passado um míssil com capacidade nuclear

AFP

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Os Estados Unidos estão "muito preocupados" com a atividade da China no setor dos mísseis hipersônicos - destacou nesta segunda-feira (18) em Genebra o representante permanente de Washington para questões de desarmamento, Robert Wood.

"Estamos muito preocupados com o que a China está fazendo atualmente no âmbito hipersônico", disse o embaixador, que após sete anos em Genebra abandonará seu cargo na próxima semana e voltará para Washington.

Em matéria publicada no sábado (16), o jornal Financial Times afirmou que a China lançou, em agosto passado, um míssil hipersônico com capacidade nuclear. O artefato deu uma volta à Terra em uma órbita baixa antes de descer para seu alvo, o qual não alcançou.

Nesta segunda-feira, o porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Zhao Lijian, negou essa afirmação e disse ter-se tratado de "um teste de rotina de um veículo espacial, com o objetivo de testar a tecnologia deste tipo de dispositivo reutilizável".

O embaixador americano disse que a Rússia também conta com capacidade hipersônica. E, de acordo com o diplomata, os Estados Unidos "se abstiveram de prosseguir" o desenvolvimento militar dessa tecnologia, que se refere a objetos capazes de voar na velocidade Mach 5, inclusive acima disso. Estes artefatos são manobráveis, o que dificulta sua detecção e interceptação. Diante do desenvolvimento do tipo de armamento, "não temos outra opção a não seja reagir na mesma linha", alegou Wood.

Os Estados Unidos ainda não possuem mísseis hipersônicos em seu arsenal, mas trabalham nisso. A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada em Defesa (Darpa, na sigla em inglês), braço científico do Exército americano, anunciou recentemente o teste bem-sucedido com seu míssil hipersônico HAWC (Hypersonic Air-Breathing Weapon Concept) de propulsão aeróbica, ou seja, usando o oxigênio da atmosfera para sua combustão.

O Pentágono também desenvolve um planador hipersônico denominado ARRW (pronuncia-se "Arrow", que significa "flecha" em inglês), mas seu primeiro teste em grande escala em abril deste ano fracassou. Em 2019, a China já havia apresentado um míssil hipersônico, o DF-17. É uma arma de alcance intermediário (cerca de 2.000 km), em forma de "planador" e que pode carregar ogivas nucleares.

O míssil mencionado pelo FT é diferente, já que poderia chegar ao espaço, entrar em órbita, passar novamente pela atmosfera e seguir em direção ao seu objetivo. Seu alcance seria muitíssimo maior do que o do DF-17. Recentemente, a Rússia lançou um míssil hipersônico, o Zircon, de um submarino, e, desde o final de 2019, já possuía os Avangard, com capacidade nuclear. De acordo com os russos, o Avangard pode alcançar uma velocidade Mach 27 e mudar de rumo e de altitude.


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