Toffoli dá cinco dias para governo falar sobre possível convocação de PMs pelas Forças Armadas

Toffoli dá cinco dias para governo falar sobre possível convocação de PMs pelas Forças Armadas

Partidos questionam possibilidade de convocação, pontuando que decretos da ditadura são incompatíveis com a Constituição

R7

Ministro do STF, Dias Toffoli é relator de ação que questiona possibilidade de Forças Armadas convocarem PMs

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli deu cinco dias para que o governo federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestem sobre decretos que possibilitam a convocação das políciais militares pelas Forças Armadas. A ação, ajuizada por PSB, PV, Solidariedade, PCdoB, PSOL e Rede Sustentabilidade, pede a suspensão de dois decretos, de 1969 e de 1983.

As resoluções em questão são da época da ditadura militar. Os partidos alegam que os textos são incompatíveis com a Constituição Federal de 1988.

As siglas explicam que o objetivo é afastar qualquer interpretação legal que possa servir para tentativa de embasar "a possibilidade de convocação direta das forças policiais dos estados da federação para que atuem sob comando e subordinação ao governo federal ou às Forças Armadas para fins de pretensa manutenção ou contenção da ordem pública".

Os partidos pontuam que o decreto 667, de 1969, "estabelece como premissa central da estrutura organizacional das polícias militares a sua subordinação e controle pelo Ministério do Exército", com a possibilidade de convocação pelo governo federal das forças policiais dos estados "para atender às hipóteses de guerra externa".

As siglas ressaltam ainda que o decreto 88.540, de 1983, que regulamenta as hipóteses de convocação, manifesta incompatibilidade com a Constituição de 1988 ao conferir amplos poderes do governo federal sobre as PMs, quando a própria Carta Magna prevê a subordinação das políciais militares aos governadores.

"O acirramento da disputa político-eleitoral no país é fato notório e não são escassas as ameaças e bravatas proferidas pelo presidente da República em desrespeito à disciplina institucional prevista na Constituição Federal. Em diversas ocasiões, a autoridade máxima da República tratou as Forças Armadas do Estado brasileiro como instrumento a serviço de seu grupo político, chegando a fazer referência ao 'meu Exército' contra atos administrativos de governos estaduais", defendem as legendas.

"Meu Exército"

O presidente Jair Bolsonaro (PL) já se referiu ao Exército como "meu Exército" em mais de uma ocasião, como em maio do ano passado, em meio a decisões de gestores estaduais e municipais pelo fechamento de comércios em meio à pandemia da Covid-19. "O meu Exército só vai para a rua para manter a liberdade de vocês. Jamais para mantê-los dentro de casa", afirmou.

A possibilidade de Bolsonaro ser respaldado pelas políciais militares é assunto constante quando se aborda o clima de acirramento político em uma eventual derrota do presidente nas eleições deste ano.

A reportagem apurou que a questão é preocupação inclusive de outras nações, como o governo britânico. Interlocutores do Reino Unido já informaram entender que Bolsonaro não tem o respaldo das Forças Armadas no caso de uma tentativa de ruptura institucional, mas têm receio de que ele possua apoio das PMs.

No ano passado, às vésperas das manifestações de 7 de Setembro, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) chegou a recomendar à Secretaria de Segurança Pública do DF e ao Comando-Geral da Polícia Militar que PMs da ativa fora de serviço fossem proibidos de participar das manifestações.


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