Valter Nagelstein é condenado por racismo

Valter Nagelstein é condenado por racismo

Juiz entendeu que o ex-vereador de Porto Alegre utilizou o termo "negros" de forma pejorativa em áudio

Correio do Povo

Valter Nalgestein foi condenado à serviços à comunidade e ao pagamento de multa no valor de $ 44 mil

publicidade

Ex-vereador de Porto Alegre, Valter Nagelstein (PSD) foi condenado, em primeira instância, pelo crime de racismo. A condenação ocorre em função de falas discriminatórias em um áudio enviado por ele a apoiadores após o primeiro turno da eleição de 2020, na qual ele disputou a prefeitura de Porto Alegre. O ex-vereador disse que irá recorrer.

Segundo a decisão, ele foi condenado a pena de dois anos de reclusão em regime aberto, que foi substituída pela prestação de serviços à comunidade e ao pagamento de multa no valor de R$ 44 mil. Na sentença, o juiz José Brzuska alega que o termo "negros", do modo que foi colocado pelo ex-vereador, foi usado de forma pejorativa.

A ação foi movida pelo Ministério Público. "Os enfrentamentos a respeito da discriminação racial, religiosa, de gênero, etc., não podem ser considerados uma pauta “de direita ou de esquerda” pois tratam de questões suprapartidárias", reiterou o magistrado na decisão.

À época, após ficar em sexto lugar no pleito pelo Paço Municipal,  Nagelstein, em áudio compartilhado em um grupo de troca de mensagens, lamentava o resultado da eleição e agradecia os seus apoiadores. "Basta a gente ver a composição da Câmara (de Porto Alegre): cinco vereadores do PSol (mas eram quatro) muitos deles jovens, negros. (...) aquele discurso que o PSol foi incutindo na cabeça das pessoas. Vereadores estes sem nenhuma tradição política, sem nenhuma experiência, sem nenhum trabalho e com pouquíssima qualificação formal", disse ele. 

Nagelstein cita "ideologia" no Judiciário

Após a decisão, em nota, Nagelstein, além de informar que irá recorrer, alegou que "o Judiciário e a educação" estariam "tomados por ideologia". "Criminalizam a nossa forma de pensar e impõem aos nossos filhos o que é certo ou errado segundo a visão de militantes". 

Nas redes sociais, os vereadores da bancada negra da Câmara de Porto Alegre comemoraram a decisão. Matheus Gomes (PSol) publicou: "Agora será assim: essa gente vai aprender na marra a nos respeitar! A decisão também mostra a importância da Bancada Negra: foi essa representatividade que impulsou a reação contra o áudio!"

"Essa é uma conquista do povo que luta, que acredita que o racismo precisa ser superado!", escreveu Bruna Rodrigues (PCdoB).  

Nota do ex-vereador na íntegra:

Sou neto de uma negra e de um judeu fugido da guerra, circunstâncias que jamais omiti e que trago como partes de mim, com orgulho, como mostra um poema que fiz aos meus avós em 2009 - e que foi publicado na minhas redes sociais entao, e trazido a esse absurdo processo.

Recebo a sentença com profunda tristeza, porque mostra exatamente o que tenho denunciado, o judiciário e a educação tomados por ideologia. Isto sim põe a democracia em risco, porque criminalizam a nossa forma de pensar e impõem aos nossos filhos o que é certo ou errado segundo a visão de militantes. 

Recorrerei junto com meus advogados e sigo acreditando na justiça imparcial, aquela que aprendi a ver o meu pai, como magistrado, perseguir e aplicar.

 


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895