Vereadores da Capital avaliam novas flexibilizações

Vereadores da Capital avaliam novas flexibilizações

Novas regras passam a valer a partir deste sábado

Flávia Simões*

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A partir deste sábado, o Rio Grande do Sul terá protocolos mais flexíveis em determinadas atividades econômicas. O anúncio foi feito pelo governador Eduardo Leite (PSDB), no início da tarde desta sexta-feira e repercutiu entre os vereadores da capital gaúcha. Por parte da ala mais alinhada ao prefeito Sebastião Melo (MDB), os vereadores Ramiro Rosário (PSDB) e Moizés Barbosa (PSDB) estiveram de acordo. "Confio na equipe técnica do governador", disse Barbosa, durante entrevista ao programa Esfera Pública da Rádio Guaíba. Enquanto isso, a oposição considerou a atitude irresponsável. 

O vereador Ramiro Rosário relembrou que as flexibilizações já eram esperadas e que o momento agora é de união “política e institucional", para que ocorra, junto com as flexibilizações, uma maior fiscalização por parte dos municípios. "Um ambiente como comércio ou um restaurante é, às vezes, até mais seguro do que ambientes que consideramos seguros", afirmou Rosário, explicando que em determinadas situações, seguido à risca os protocolos, seria menos perigoso as famílias irem jantar em um restaurante do que se juntarem com demais familiares em casa. 

Indo de encontro com o discurso de Melo, o vereador reiterou que "o comércio não é o vilão da pandemia", pontuando ainda que o afrouxamento das restrições serviria, também, como uma espécie de valorização aos estabelecimentos que cumprem os protocolos à risca. Sobre as falhas na fiscalização, Rosário defendeu que este é um "mal do poder público em todo o país" e que a fiscalização mais intensa deveria ser entre os próprios cidadãos. Contudo, afirmou que, neste momento, é preciso que se coloque todo aparato possível para atuar no controle dos protocolos relacionados à pandemia. 

Por outro lado, o vereador Aldacir Oliboni (PT) considera a atitude de Leite um ato contraditório, uma vez que os dados não indicam uma situação que permita menores restrições. Segundo ele, quando um indivíduo é diagnosticado com Covid-19, vai ao posto e lhe é indicado tratamento hospitalar, mas quando chega lá ele não pode ser atendido por falta de leitos, a atitude do governador de liberar as atividades - o que provoca, em tese, maior circulação - é irresponsável. "Uma posição que nos entristece", disse ele em entrevista. 

Oliboni aproveitou para tecer críticas. "Muitos dos empresários que vão pressionar o governo não são os que atendem na linha de frente", avaliou ele, relatando que possui conhecidos próximos, que atuam no atendimento em farmácias e supermercados e que já foram contaminados pelo vírus mesmo após a vacina. O petista ainda sugeriu que a Guarda Municipal também atue na fiscalização, além da aplicação de multas "de verdade". “O poder público não tem apresentado uma fiscalização adequada”, reforçou.

Ainda se recuperando das sequelas deixadas após contaminação do vírus, o vereador Moizés Barbosa (PSDB), que é do mesmo partido que o governador, disse que é a hora de respeitar o que foi decidido, mesmo ponderando a gravidade da doença. "Nenhum governante quer ver o término da circulação de tributos", afirmou durante entrevista. O tucano disse confiar na equipe técnica que orienta o governador, além de entender a pressão que os gestores, tanto municipais como estaduais, vêm sofrendo. "É complexo, muito difícil de julgar". No entanto, reiterou que é preciso que se escute as orientações dadas pelas equipes médicas.  

"Tudo é arriscado no momento", disse ele acerca das flexibilizações. "Bom, vivemos em um momento em que tudo é um risco. Precisamos lutar pela conscientização da população e, infelizmente, temos riscos. E qualquer decisão tomada tem um risco", disse ele, explicando que qualquer atitude terá consequência em algum dos lados, seja na saúde ou na economia, a longo ou curto prazo. 

Em um relato emocionado, Barbosa reiterou o pedido para que a população escute os médicos e cientistas. "Nós, homens públicos, temos que seguir a comunidade médica. E a comunidade médica merecia uma população mais consciente". "Prefiro um familiar que fique desempregado, mas vivo", finalizou.

*Sob supervisão de Mauren Xavier


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