Weintraub propõe punir estudantes com nota baixa no Enade

Weintraub propõe punir estudantes com nota baixa no Enade

Ministro disse que aluno poderá ser impedido de se formar

AE

Ministro disse que aqueles que se destacarem poderão ter seus nomes divulgados

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O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse nesta sexta-feira que estuda punir estudantes universitários com nota baixa no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). A afirmação aconteceu durante a divulgação dos resultados do exame, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep). "Muitos apresentaram um acerto inferior a 20% da prova. A proposta é que para as próximas edições tenhamos um incentivo para que os estudantes façam o exame com seriedade: aqueles que se destacarem poderão ter seus nomes divulgados e aqueles com nota baixa não possa se formar", avaliou. A proposta precisa ser discutida pelo Congresso.

Fizeram o exame 550 mil alunos, sendo 450 mil na modalidade presencial e quase 100 mil em Ensino a Distância de 8.800 cursos de bacharelado das áreas de Ciências Sociais, Ciências Humanas e os tecnólogos de Gestão e Negócios, Produção Cultural e Design. Segundo os dados, apenas 3,3% das instituições privadas alcançaram nota máxima. O número sobe para 20% nas instituições públicas.

"Um dado interessante é que a diferença entre a qualidade dos cursos presenciais e a distância é a mesma, o que mostra que não há queda de ensino na EAD", afirmou Weintraub. 83,1% dos alunos avaliados fizeram o curso presencial contra 16,9% na EAD.

A maioria dos estudantes vem de universidades privadas e destes, segundo o ministro, 50% usam, de alguma forma, o financiamento público. "Percebemos que o menor grau de desistência está nos alunos mais pobres que têm de pegar financiamento público para pagar a faculdade, pessoas que precisam terminar logo o curso para resolver os seus problemas. O que significa que essas universidades privadas com financiamento público tem um impacto social maior."

Weintraub voltou a defender a autorregulamentação do setor privado como uma forma de melhorar a qualidade no setor. Boa parte dessas instituições alcançou o conceito 3 no exame. "As próprias instituições fazem um filtro e as más práticas são abolidas, o Estado continua acompanhando, mas há um grau de liberdade e responsabilidade maior."

As instituições privadas têm um maior número de alunos e cursos. Os dados do Enade 2018 mostram que 84,8% dos participantes estavam matriculados em uma faculdade privada. Metade dos estudantes se formaram em direito ou administração. Nas instituições públicas, 23,3% dos alunos tiveram nota acima de 61, nas particulares, apenas 9,5%.

Enade

Criado em 2004, o Enade é obrigatório para conclusão da graduação em instituições de ensino privadas e nas públicas federais. Ele integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). O exame avalia o rendimento dos alunos em duas partes: em relação aos conteúdos específicos dos cursos em que estão matriculados e em conhecimentos gerais. A prova visa a avaliar a qualidade das graduações no País. As notas do exame são convertidas em uma escala por faixas, que vai de 1 a 5.

No entanto, a eficácia do exame já foi criticada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que questionou a continuidade da aplicação do Enade. Segundo o relatório da organização, que fez a avaliação a pedido do Ministério da Educação (MEC), o exame não permite saber se um curso melhorou ou piorou sua qualidade ao longo dos anos e também não estabelece níveis mínimos de desempenho esperado dos alunos.


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