Agricultores e pecuaristas gaúchos acumulam prejuízos com instabilidade no fornecimento de energia

Agricultores e pecuaristas gaúchos acumulam prejuízos com instabilidade no fornecimento de energia

Federação dos Trabalhadores na Agricultura diz que algumas localidades chegam a ficar até 15 dias sem luz e produção é descartada

Patrícia Feiten

Ordenha mecanizada é outra atividade rural que depende da energia

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A instabilidade no fornecimento de energia elétrica vem trazendo transtornos e prejuízos a agricultores e pecuaristas de todo o Rio Grande do Sul. Sindicatos rurais ligados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS) relatam quedas constantes, além de demora para reparos na rede e restabelecimento do serviço. De acordo com a Fetag-RS, a situação é mais crítica nos municípios da Metade Sul e da Fronteira-Oeste. Desde fevereiro, lideranças da entidade vêm cobrando soluções da direção da CEEE Grupo Equatorial, mas ainda não tiveram resultados.

Segundo o coordenador da Regional Sindical Sul da Fetag-RS, José Francisco de Almeida Peres, algumas localidades em sua área de abrangência chegam a enfrentar apagões de até 15 dias. “Em Morro Redondo, tem até uma brincadeira: molhou o chão, faltou energia elétrica”, conta Peres, também presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pinheiro Machado.

Além dos pecuaristas, que têm de recorrer à ordenha manual para a extração do leite, um dos segmentos mais afetados na região é a fumicultura, já que a secagem do tabaco é feita em estufas elétricas. Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bagé, Milton Brasil, o atendimento às propriedades rurais “não poderia estar pior”. Coordenador da Regional Sindical Fronteira da Fetag-RS, que abrange 17 municípios, ele diz que em Bagé, Dom Pedrito e Lavras do Sul há falta de energia elétrica por até dois dias mesmo que não chova. “Já fizemos reuniões, mas não vimos nenhuma melhora, porque se registra a falta de energia e o pessoal não consegue atender”, critica Brasil. Os mais prejudicados, afirma o dirigente, são os produtores de hortifrutigranjeiros, que utilizam câmaras frias. 

O pecuarista Samuel Pinheiro Fischoeder, de Hulha Negra, calcula ter perdido em torno de 600 litros de leite após ficar três dias seguidos sem energia. Como em sua propriedade a ordenha é mecanizada, ele não pôde extrair o leite das vacas, e o produto que estava armazenado sob refrigeração acabou se deteriorando. Com os problemas frequentes e a falta de ordenhas, o produtor teme que os animais contraiam mastite bovina. 

Empresa reconhece dificuldades

Tanto nas reuniões com o MPRS quanto na Câmara, a empresa admitiu as falhas, e se comprometeu a investir em equipamentos, digitalizar processos para agilizar os atendimentos, e incrementar as equipes, contratando pessoal. À reportagem, a CEEE Grupo Equatorial salientou que “após a posse da CEEE-D, em julho de 2021, não tem medido esforços para realizar melhorias em sua rede de distribuição”. Disse ainda que as ações realizadas “demandam algum tempo para serem concluídas e percebidas como melhorias para os clientes”.

Em 2021, “já foram aplicados recursos em obras estruturantes nas cidades de Porto Alegre, São Lourenço, Turuçu, Santa Vitória do Palmar, Chuí, Jaguarão, Morro Redondo, Pelotas, Rio Grande, Pinheiro Machado, Piratini e São José do Norte”, e que, para 2022, “estão previstos investimentos em projetos de novas subestações, expansão e melhoria de rede e manutenção”. 


Correio do Povo
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