Cadeia do leite dialoga para superar divergências

Cadeia do leite dialoga para superar divergências

Ano de 2021 foi marcado por conflito entre entidades no Conseleite, mas metodologia de cálculo do preço do litro deve sofrer alterações

Nereida Vergara

Cálculo do preço do leite é considerado defasado por entidades que defendem os produtores rurais

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O ano de 2022 deve ser de reconciliação para a cadeia leiteira do Rio Grande do Sul, rachada em 2021 dentro do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite/RS). Isso porque já estão em fase de elaboração novas diretrizes para estabelecer o preço de referência do leite, considerado defasado pelas lideranças dos produtores, já que a base de custos utilizada no cálculo ainda é a de 2019. 
 
As desavenças em relação ao cálculo do preço de referência – o último divulgado foi o de outubro, ficando em R$ 1,6463 o litro – se agravaram a partir de novembro, quando a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetraf/RS), a Associação dos Criadores de Gado Holandês (Gadolando) e a Associação dos Criadores de Jersey (Jersey/RS) se retiraram das reuniões do conselho até que fosse anunciada a revisão dos custos de produção (processo que se iniciou em meados de dezembro).
 
O vice-presidente da Fetag, Eugênio Zanetti, acredita que se chegará a um consenso a respeito de uma nova metodologia de precificação que, além de computar custos atualizados, obedeça a lei 12.699, de 2012, que estabelece que os laticínios informem ao produtor o valor pago pelo leite até o dia 25 de cada mês. “Nunca na história a relação de troca esteve tão desfavorável ao produtor”, ressalta Zanetti, que diz que assim como os custos altos no último ano, uma nova estiagem se avizinha e há interpretações das indústrias que penalizam os produtores de pequenas quantidades com preços muito depreciados. “Não existe justificativa para que pequenos produtores recebam 10% menos pelo preço do litro, em alguns casos chegando a uma diferença R$ 0,50 por litro”, reclama.
 
Do ponto de vista da indústria, essa diferença de preço em relação à quantidade pode ter justificativas. O presidente da Associação das Pequenas e Médias Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil/RS), Délcio Giacomini, diz que o caminhão que busca 50 ou 500 litros de leite é o mesmo e a que a quantidade impacta nos custos logísticos do laticínio. Para o secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS), Darlan Palharini, o diálogo constante entre os elos da cadeia vai corrigir excepcionalidades no pagamento do leite pelas empresas. “Estamos tentando, com auxílio do Cepea/Esalq (USP), chegar a uma fórmula matemática de preço que contemple a todos”, encerra Palharini.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895