Chuva atrapalha conclusão do plantio de trigo

Chuva atrapalha conclusão do plantio de trigo

Atraso dificulta escalonamento da semeadura e traz apreensão, mas não altera projeções feitas para a safra 2022 no Estado

Patrícia Feiten

publicidade

Na reta final da semeadura do trigo, que foi concluída em 90% da área de cultivo no Rio Grande do Sul, as chuvas frequentes têm dificultado a operação das máquinas. Os trabalhos estão atrasados em relação à mesma época do ano passado, quando o plantio do cereal já cobria 97% das lavouras, e também à média histórica do período, que é de 95%, de acordo com o Informe Conjuntural divulgado pela Emater-RS/Ascar na quinta-feira (21). Apesar dos imprevistos causados pelo tempo, a expectativa da empresa de assistência técnica é que toda a área destinada ao cereal seja semeada até o final de julho, conforme a orientação do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc).

Comparado ao percentual médio de evolução da semeadura das safras de 2017 a 2021, o atraso no plantio representa mais de 70 mil hectares que deixaram de ser semeados em todo o Estado até a data contemplada no relatório da Emater-RS/Ascar, estima o diretor técnico da empresa, Alencar Rugeri. Segundo o extensionista, o cálculo traz apreensão, mas até o momento não impacta as projeções feitas para a safra atual – a Emater-RS/Ascar estima que o cultivo do trigo alcance 1.413.763 hectares no Estado neste ano, com uma produtividade de 2.822 quilos por hectare.

O problema, explica Rugeri, é que o excesso de chuvas reduz a janela de semeadura, impedindo o escalonamento das atividades e concentrando o risco de um maior número de áreas serem prejudicadas por fenômenos adversos futuros, como geadas, no mesmo estágio de desenvolvimento das plantas. “Existe tensão. O agricultor já teve alteração em custos de produção, por exemplo, um manejo que já tinha feito e teve de repetir porque não conseguiu semear no período planejado”, observa Alencar.

Do ponto de vista do prazo recomendado no sistema de zoneamento, a publicação da Emater destaca a região administrativa de Bagé como a de maior preocupação. Nos municípios da Campanha, por exemplo, as chuvas impediram a realização de qualquer atividade no campo entre os dias 11 e 17 de julho. “Há grande apreensão por parte dos triticultores, especialmente em Bagé, Dom Pedrito, Hulha Negra e Aceguá, onde o plantio ainda não atingiu 15% da área prevista”, diz o Informe Conjuntural.

O presidente da Comissão do Trigo da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim, diz que a entidade vem acompanhando o comportamento do clima e seus efeitos em todas as regiões produtoras, mas reforça que ainda é prematuro falar em possíveis prejuízos à nova safra. “Ainda estamos dentro do período de plantio do zoneamento agrícola”, ressalta. Para o agricultor, o principal foco de atenção é a Metade Sul do Estado, região caracterizada por terras baixas, que dificultam a drenagem da água. “Por serem coxilhas baixas, o solo, entre uma chuva e outra, leva muito tempo para absorver a umidade, e o trigo não pode ser plantado com essa umidade”, explica.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895