Colheita da uva confirma qualidade

Colheita da uva confirma qualidade

Clima favoreceu calibre e doçura da fruta, além de aumentar a produção em cerca de 40%

Nereida Vergara

Produtor também comemora produtividade, mas reclama do preço baixo

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A colheita da uva no Rio Grande do Sul, iniciada na primeira semana de janeiro, confirma a expectativa de que o Estado terá uma safra com frutas de excelente qualidade e volume cerca de 40% superior que o obtido em 2020. O tempo seco no final do ano e depois as chuvas dentro de um padrão de normalidade favoreceram o desenvolvimento dos vinhedos. Pela mesma razão, as frutas ganharam em calibre e doçura. O produto colhido até o momento, e que já começa a chegar à indústria vitivinícola para processamento, vai garantir a produção de bebidas de alto padrão, segundo estima o presidente da União Brasileira de Vitinicultura (Uvibra), Deunir Argenta. 

A expectativa é de que seja colhido até meados de março nas regiões produtoras um total de 700 mil toneladas de uva, 200 mil toneladas a mais do que no ano passado. A maior parte do volume produzido é destinado à fabricação de sucos, vinhos de mesa e coloniais, vinhos finos e espumantes. A uva de mesa corresponde a cerca de 10% da produção total. De acordo com a Emater, a produtividade média no Estado deverá se estabelecer em 8 toneladas por hectare, volume que pode ser superado em vinhedos irrigados.

Argenta acredita que a indústria vitivinícola terá em 2021 um desempenho se não tão bom quanto o de 2020 - quando o consumo de vinho bateu recordes impulsionado pela pandemia -, ao menos superior ao que vinha sendo registrado nos últimos quatro anos. "É possível que o isolamento social faça com que se repitam os padrões de consumo do ano passado, quando o consumidor deixou de frequentar restaurantes mas passou a levar seu vinho para casa", relembra. O dirigente admite, porém, que no segmento de espumantes o resultado ainda pode ser negativo, diante da impossibilidade de realização de festas onde a bebida costuma ter a preferência.

Renê Tonello, presidente do Conselho de Administração da Cooperativa Vinícola Aurora, comenta que neste ano o volume que a cooperativa receberá de seus associados promete ficar entre 15 e 20% acima do que a indústria processou em 2020. O cálculo da Aurora é de que o processamento chegue a 50 milhões de litros de bebidas, entre vinhos, sucos e espumantes. A cooperativa reúne hoje 1.100 produtores de 11 municípios, com área plantada de 2,8 mil hectares.

A satisfação da indústria com a safra da uva, no entanto, não é a mesma entre os produtores. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura de Flores da Cunha e Nova Pádua, Olir Schiavenin, ressalta que o preço mínimo da uva fixado pelo governo ficou abaixo do custo de produção. De acordo com Schiavenin, para cada quilo de uva colhido o produtor gastou em média R$ 1,48. O preço mínimo do quilo da uva pago pela indústria varia nesta safra de R$ 1,10 (Isabel) a R$ 1,32 (Bordô). No caso da uva de mesa, segundo o levantamento semanal da Emater, o preço pode variar de R$ 4,00 a R$ 10,00.


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