Conselho recomenda redução na produção de leite no Rio Grande do Sul
Decisão foi tomada durante última reunião do ano
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O presidente do conselho e do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), Alexandre Guerra, explica que o setor não vislumbra melhora nos próximos meses. “Nós concluímos que diminuir a produção é a única saída para tentar equilibrar a cadeia para os dois lados, da indústria e do agricultor”, resume.
Para as entidades que representam a cadeia leiteira, o recuo é inevitável, mas pode trazer reflexos indesejáveis no futuro. O presidente da Comissão de Leite e Grãos da Farsul, Jorge Rodrigues, aponta que a redução, em primeira instância, é um “contrassenso”, mas admite que não há outra alternativa. “O produtor tem de reduzir custos e uma das formas de fazer isso é dar menos ração às vacas para que produzam menos. Só que este manejo vai ter impacto no desempenho futuro dos animais e em seu ciclo de lactação”, afirma.
O mesmo efeito é previsto por Márcio Langer, assessor de Política Agrícola da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), para quem a solução “é drástica”, mas a única para um cenário que “não deve melhorar nos próximos três meses”. Para presidente da Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil), Wlademir Dall’Bosco, cada produtor vai ter de ver como fazer o ajuste. “Não há receita para este momento”, reconhece.
O preço de referência do leite ficou em R$ 0,83 em dezembro. Segundo o Conseleite, chegou a haver uma melhora em novembro, quando o valor consolidado pago ao produtor atingiu R$ 0,87 o litro, resultado da suspensão das importações de leite em pó do Uruguai, medida adotada em outubro pelo Ministério da Agricultura. No entanto, com a chegada das festas de final de ano e, na sequência, o período de férias escolares, a projeção para dezembro é de nova queda.
Na reunião dessa terça-feira, o Conseleite também aprovou novos parâmetros de cálculo para o valor de referência do leite. O trabalho de atualização, trazendo os parâmetros de 2005 para a base de dados de 2016, foi feito por equipe técnica da Universidade de Passo Fundo em conjunto com a Câmara Técnica do conselho. Com a revisão, que entra e vigor em janeiro de 2018, o valor de referência gaúcho deverá ficar mais alinhado aos praticados em Santa Catarina e Paraná, que têm projeção para dezembro de R$ 0,98 e R$ 0,95 respectivamente.