Cotação dos grãos recua em junho

Cotação dos grãos recua em junho

Quedas de 4,9% para a soja, 6,8% para o milho e 8,2% para o arroz estão ligadas à oferta e câmbio

Nereida Vergara

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Desde o início deste mês, as cotações dos grãos da safra de verão apresentam rota de queda, que pode, em parte, ser justificada pelo aumento da oferta do final da colheita, mas que tem outros determinantes, como o recuo no valor do dólar, que iniciou junho em R$ 5,14 e chegou a R$ 5,06 ontem. 
De acordo com os levantamentos diários do Cepea/Esalq/USP, entre os fechamentos do dia 31 de maio e 15 de junho, a saca do arroz caiu 8,25%, de R$ 79,35 para R$ 72,80, menor patamar desde agosto do ano passado, quando estava em R$ 87,54; a do milho recuou 6,80%, de R$ 100,07 para R$ 93,27; e a da soja 4,92%, de R$ 172,96 para R$ 164,45. Os valores seguem superiores às médias históricas. 
O proprietário da Mercado: Corretora de Mercadorias, Giuliano Ferronato, explica que o arroz tem situação diferente das outras commodities. Segundo ele, em 2020, com a pandemia, o grão teve desempenho atípico, com elevado volume de exportações e uma corrida do consumidor nacional para se abastecer de alimentos. Além disso, lembra, a demanda interna aumentou em razão do auxílio emergencial de R$ 600,00 pago pelo governo federal. “Neste ano, além de termos uma safra maior, de 8,4 milhões de toneladas no Estado, as exportações não tiveram o desempenho esperado até o momento e o auxílio emergencial pago agora é de um quarto do valor anterior, o que reduziu o consumo”, analisa. Para Ferronato, o comércio do arroz voltou a ocorrer como em safras anteriores, distribuído ao longo do ano.
Já no caso do milho, Ferronato entende que a queda de preço é influenciada pela variação cambial e entrada da safrinha no Centro-Oeste. “O milho é muito disputado e temos as safras dos próximos dois anos com comprometimento no mercado futuro”, diz o analista, que não vislumbra o preço da saca do cereal menor que R$ 90,00 em 2022.
Eduardo Sanchez, consultor em gestão de risco pela empresa StoneX, de Passo Fundo, vê a questão da soja como mais complexa, pois envolve, além da supersafra brasileira, condicionantes da safra norte-americana. De acordo com Sanchez,a volatilidade nos preços de Chicago se deve às dúvidas em relação às questões climáticas nos Estados Unidos. “O produtor brasileiro deve ficar atento, pois os preços podem voltar a subir se houver quebra na safra norte-americana”, comenta. O consultor ressalta que a comercialização da oleaginosa chegou a 55% da safra Rio Grande do Sul, em velocidade mais lenta que a do Brasil, que atingiu 78%.


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