Criação de suínos está pressionada pelos custos

Criação de suínos está pressionada pelos custos

Indicadores do Cepea e da Embrapa mostram que produtor enfrenta gastos crescentes, sobretudo com a alimentação dos animais

Patrícia Feiten

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A escalada dos custos da suinocultura causa distorções de mercado e preocupa o setor. No Rio Grande do Sul, que responde por 18,45% da oferta brasileira, o custo por quilo vivo de suíno produzido em ciclo completo foi de R$ 7,14 em agosto, de acordo com a Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa. Já o quilo vivo do suíno é negociado a R$ 6,13 no Estado, de acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/Esalq/USP) de 15 de setembro.

O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Folador, diz que os produtores estão trabalhando no prejuízo, com baixas margens de remuneração mesmo quando conseguem vender para o mercado externo. “Apesar dos bons volumes exportados, os preços médios recebidos caíram muito”, afirma. A expectativa da entidade é que haja alguma melhora da situação econômica do país nos próximos meses. “O produtor já é extremamente eficiente da porteira para dentro, quem já estava capitalizado vai queimando gorduras. A solução é vender mais caro na ponta final”, avalia Folador.

Segundo o técnico da Embrapa Ari Jarbas Sandi, a alimentação é o item que mais pesa no cálculo dos custos. No estado de Santa Catarina, que é o maior produtor nacional de suínos e é usado como referência, o custo por quilo vivo calculado pela empresa foi de R$ 7,12 em agosto. Desse valor, R$ 5,80 (81,5%) referem-se a gastos com nutrição dos animais.

A pressão dos custos é mais dramática para os produtores independentes, que não dispõem de capital de giro, capacidade de armazenagem e poder de barganha para fazer compras antecipadas e estocar grandes quantidades de insumos. “Muitos não têm o mesmo fôlego financeiro e ficam à mercê da prática de preços do momento”, explica Sandi.

Principal insumo da suinocultura, o milho é o item mais representativo nos custos de alimentação. De acordo com o Cepea, a saca de 60 quilos do cereal no Rio Grande do Sul estava em R$ 93,43 em 15 de setembro – em 18 de maio, o item chegou a R$ 103,23, maior patamar da série histórica do centro de estudos.


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