Cultivo de frutas ganha destaque em solo gaúcho

Cultivo de frutas ganha destaque em solo gaúcho

Pelotas utiliza 3,150 hectares para cultivo da fruta

Correio do Povo

Município de Pelotas, próprio para cultivo de pêssego, não foi afetado por crescimento de outras culturas

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O pêssego é a principal cultura produzida por Marcus Schiller, 43 anos, em sua propriedade na Colônia São Manoel, em Pelotas, na Metade Sul do Rio Grande do Sul. Dos 13 hectares, oito são destinados à fruta. Anualmente ele produz 16 toneladas por hectare, das variedades Bobão, Maciel, Esmeralda, Granada, Sensação, Eldorado e Santa Áurea. Como a região de Pelotas é considerada propícia para a plantação do pêssego, a área não chegou a ser afetada pelo avanço de outras culturas. Na última semana, Schiller deu início à poda.

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Conforme dados da Emater, em Pelotas foram utilizados 3.150 hectares para o cultivo de pêssegos para indústria em 2017. “Também há produtores que destinam até 10% da colheita para consumo in natura”, observa o extensionista Rodrigo Prestes, da Emater. Cada um dos 605 produtores ocupa, em média, 5,2 hectares para cultivar pêssegos. Prestes destaca a crescente incorporação de tecnologia ao processo produtivo. “Tivemos produtores que investiram em irrigação, no manejo da cultura, tratamento da fruta e melhora na aplicação de fertilizantes e adubos”, relata.

Há dois anos, o preço do quilo do pêssego caiu em função do aumento da produção. Hoje, a indústria paga em torno de R$ 0,90 pelo quilo. Em anos considerados bons, o preço pode chegar a R$ 1,50, mas o cenário também é influenciado pela concorrência de grandes produtores entre os países, como a Argentina e a Grécia. Doze indústrias da região compram dos fruticultores de Pelotas.

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O pesquisador Luís Clóvis Belarmino, da Embrapa Clima Temperado, lembra que as áreas em uso para o cultivo do pêssego no Rio Grande do Sul não apresentam relevo e nem estrutura para máquinas e equipamentos. “Portanto não observamos o avanço da soja sobre áreas onde se cultivava esta fruta”, constata. Belarmino observa ainda que o volume da colheita cresceu em razão do aumento da produtividade, decorrente do uso da tecnologia, mesmo que tenha havido redução da área. Para o pesquisador, outro aspecto que deve merecer atenção se relaciona com as diferenças entre as produções de pêssego para a indústria e o consumo fresco (in natura), pois existem aspectos bem distintos no uso de tecnologia.

Belarmino avalia que a relação dos agricultores com a agroindústria local, de modo geral, é instável e carece de contratos formais. “Isto iria facilitar e regularizar a comercialização para as partes envolvidas. Assim, salvo melhor juízo, os preços pagos aos produtores dependem dos estoques remanescentes e das oscilantes perspectivas de vendas feitas pelos agentes das empresas de processamento”, finaliza.

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Bergamota

O Vale do Caí concentra 70% da produção estadual de bergamotas, que já foi maior que a atual, caiu e voltou a crescer na última década. Em Montenegro, a safra deste ano deve chegar a 110 mil toneladas, segundo Derli Paulo Bonine, assistente técnico em Fruticultura da Emater. “As condições do clima têm sido excelentes para o cultivo e têm contribuído para o sabor, a cor e a suculência das bergamotas”, destaca ele, salientando que o frio ainda diminui a incidência de pragas. O produtor Marcelo Jacobsen diz que o inverno atípico do ano passado fez com que a colheita fosse antecipada, o que gerou perdas. “Este ano está bem melhor, mas, mesmo assim, o mercado segue instável”, observa.

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