Cultivo de frutas ganha destaque em solo gaúcho
Pelotas utiliza 3,150 hectares para cultivo da fruta
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Conforme dados da Emater, em Pelotas foram utilizados 3.150 hectares para o cultivo de pêssegos para indústria em 2017. “Também há produtores que destinam até 10% da colheita para consumo in natura”, observa o extensionista Rodrigo Prestes, da Emater. Cada um dos 605 produtores ocupa, em média, 5,2 hectares para cultivar pêssegos. Prestes destaca a crescente incorporação de tecnologia ao processo produtivo. “Tivemos produtores que investiram em irrigação, no manejo da cultura, tratamento da fruta e melhora na aplicação de fertilizantes e adubos”, relata.
Há dois anos, o preço do quilo do pêssego caiu em função do aumento da produção. Hoje, a indústria paga em torno de R$ 0,90 pelo quilo. Em anos considerados bons, o preço pode chegar a R$ 1,50, mas o cenário também é influenciado pela concorrência de grandes produtores entre os países, como a Argentina e a Grécia. Doze indústrias da região compram dos fruticultores de Pelotas.
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O pesquisador Luís Clóvis Belarmino, da Embrapa Clima Temperado, lembra que as áreas em uso para o cultivo do pêssego no Rio Grande do Sul não apresentam relevo e nem estrutura para máquinas e equipamentos. “Portanto não observamos o avanço da soja sobre áreas onde se cultivava esta fruta”, constata. Belarmino observa ainda que o volume da colheita cresceu em razão do aumento da produtividade, decorrente do uso da tecnologia, mesmo que tenha havido redução da área. Para o pesquisador, outro aspecto que deve merecer atenção se relaciona com as diferenças entre as produções de pêssego para a indústria e o consumo fresco (in natura), pois existem aspectos bem distintos no uso de tecnologia.
Belarmino avalia que a relação dos agricultores com a agroindústria local, de modo geral, é instável e carece de contratos formais. “Isto iria facilitar e regularizar a comercialização para as partes envolvidas. Assim, salvo melhor juízo, os preços pagos aos produtores dependem dos estoques remanescentes e das oscilantes perspectivas de vendas feitas pelos agentes das empresas de processamento”, finaliza.
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Bergamota
O Vale do Caí concentra 70% da produção estadual de bergamotas, que já foi maior que a atual, caiu e voltou a crescer na última década. Em Montenegro, a safra deste ano deve chegar a 110 mil toneladas, segundo Derli Paulo Bonine, assistente técnico em Fruticultura da Emater. “As condições do clima têm sido excelentes para o cultivo e têm contribuído para o sabor, a cor e a suculência das bergamotas”, destaca ele, salientando que o frio ainda diminui a incidência de pragas. O produtor Marcelo Jacobsen diz que o inverno atípico do ano passado fez com que a colheita fosse antecipada, o que gerou perdas. “Este ano está bem melhor, mas, mesmo assim, o mercado segue instável”, observa.