Entidades buscam medidas de apoio depois de novas perdas na agricultura

Entidades buscam medidas de apoio depois de novas perdas na agricultura

Setor produtivo começa a quantificar os danos no trigo e milho, provocados pelas geadas de agosto e falta de chuvas, e irão cobrar ações do Ministério da Agricultura

Cíntia Marchi

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As perdas na agricultura que vão se consolidando neste segundo semestre começam a mobilizar entidades do setor produtivo para buscar medidas de apoio aos produtores junto ao governo federal. Um dos argumentos é que a primeira metade do ano já foi desastrosa por conta da estiagem. Entre os pleitos, aparecem o pedido para que o produtor possa financiar o replantio da safra de verão e agilização para ressarcimento do seguro rural e Proagro Mais. 

Com colheita adiantada no Rio Grande do Sul, o trigo terá uma produção 30% menor do que o previsto, segundo a Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro/RS). “Não chegaremos a 2 milhões de toneladas”, estima o presidente da entidade, Paulo Pires. A safra 2020/2021 de milho também começa mal, com o clima seco já provocando danos no grão que foi plantado em agosto. Em relação à soja, a preocupação é com a falta de previsão de chuvas para que a semeadura aconteça em novembro, o período preferencial.

Em função desta conjuntura, o senador Luis Carlos Heinze informa que, assim que tiver levantamentos que demonstrem os prejuízos, cobrará providências do Ministério da Agricultura (Mapa). “Já passei um recado para a ministra (Tereza Cristina) alertando sobre a situação”, avisa.

O presidente da Fecoagro diz que, na próxima semana, a entidade reunirá em um documento dados consolidados sobre as perdas do trigo. Em relação ao milho, informa que há prejuízos localizados, mas expressivos, em regiões como a Grande Santa Rosa e Missões. “Trigo já é página virada, mas precisamos que o produtor possa acessar um novo financiamento para replantar o milho ou a soja”, reivindica Pires, embora lembre que o governo não atendeu os pleitos das entidades para socorrer o produtor na última safra.

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS) também quantificará os prejuízos na semana que vem, além de formar uma pauta para repercutir junto ao Mapa. Silva adianta que um dos pedidos será pela agilidade na liberação dos seguros e Proagro Mais, ou seja, assim que o perito constatar os estragos nas plantações em desenvolvimento já permitir que o produtor colha a lavoura para tentar aproveitar o subproduto na alimentação dos animais – a regra é que o produtor espere a época da colheita para avaliação final dos danos. A Fetag pedirá ainda novos aportes de recursos ao Plano Safra, com diferentes linhas já contingenciadas, e elimine os problemas de acesso ao sistema do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Segundo Silva, inconsistências no site dificultam a emissão da certidão do CAR e, por consequência, o produtor não consegue contratar crédito rural.

 


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