Entidades e servidores comemoram conquista do status, mas chamam atenção para responsabilidade

Entidades e servidores comemoram conquista do status, mas chamam atenção para responsabilidade

Empenho na fiscalização para manter as oportunidades que surgirão para a pecuária gaúcha na situação de zona livre de febre aftosa sem vacinação é o principal direcionamento a partir de agora

Nereida Vergara

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O processo para retirada da vacinação contra a febre aftosa no Rio Grande do Sul teve início em 2019, quando o Ministério da Agricultura remanejou o calendário do Plano Estratégico do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa, lançado em 2017, e que prevê a retirada total da vacina do território brasileiro até 2026. No Estado, houve um longo processo de negociação com as entidades representantes dos produtores e também de ajuste da estrutura de inspeção sanitária.

Entidades como a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) e a Federação Brasileira dos Criadores de Animais de Raça (Febrac) fizeram assembleias com seus associados para explicar o que a retirada da vacina significava e ter uma posição consolidada do setor a respeito da mudança. Hoje, com a confirmação do novo status, o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, afirma que agora o Estado passa para uma situação de atenção redobrada. "É uma grande conquista, mas teremos de reforçar a vigilância, tanto do lado do produtor quanto da fiscalização oficial", afirma. O dirigente não vê benefícios imediatos do novo status para o pecuarista de gado de corte, mas reconhece que mais adiante será possível conquistar mercados importantes como o do Japão. "Quem se beneficiará imediatamente é a suinocultura, que poderá vender cortes com osso para mercados onde isso não era permitido", completa.

Leonardo Lamachia, presidente da Febrac, afirma que o dia 27 de maio de 2021 entra para história como o mais importante da agropecuária do Rio Grande do Sul nas últimas três décadas. Diz, entretanto, que, findas as comemorações, nesta sexta-feira o Estado e a pecuária gaúcha devem retomar o trabalho para "honrar com responsabilidade as oportunidades que irão se abrir para o setor produtor de carne".

O presidente do Fundesa e diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul (SIPS), Rogério Kerber, entende que a outorga do certificado leva o Estado a um padrão mais alto como exportador. "A produção de proteína animal gaúcha ganha uma nova referência", diz ele, podendo chegar a nações como o Japão, a Coréia do Sul, os Estados Unidos, o Chile, as Filipinas e o México. No setor de suínos, explica o dirigente, o incremento que o status trará será na exportação de cortes com osso e miúdos. Somente para a China, o Estado deixa de exportar 4 mil toneladas deste tipo de produto por mês, o que, no acumulado de um ano, representa a perda de um faturamento de cerca de 14 milhões de dólares.

Do lado dos servidores, principalmente dos agentes de fiscalização,  o presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro), Pablo Fagundes Ataíde, acredita que a conquista do novo status sanitário é resultado do empenho de todos os funcionários da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr).  “Há décadas os fiscais estaduais agropecuários e demais categorias da Secretaria da Agricultura estão comprometidos com essa evolução", comenta Fagundes. O dirigente ressalta, contudo, que a partir de agora é "imprescindível" a estruturação e valorização da atividade de fiscalização agropecuária. "Para reforçar a vigilância e manter a qualidade do serviço de defesa agropecuária, é urgente a realização do concurso público”, completa ele, lembrando que o último concurso para o cargo ocorreu há oito anos. 

Para a superintendente regional do Ministério da Agricultura (Mapa), Helena Rugeri, , no campo técnico, "a certificação eleva o status de controle". Ela diz que a nova condição é resultado do trabalho dos serviços oficiais dos Estado e, em nível federal, dos auditores agropecuários, que inspecionam  a implementação do programa nacional. A visão é compartilhada pela delegada do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais no Rio Grande do Sul (Anffa/RS), Soraya Elias Marredo. "Quem deseja se manter em patamar sanitário elevado tem de se manter vigilante, o que inclui recursos materiais e humanos", complementa, defendendo também a realização de concursos para auditores fiscais.


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