Entidades elogiam o Plano Nacional de Fertilizantes

Entidades elogiam o Plano Nacional de Fertilizantes

Avaliação é que iniciativa gera boa expectativa para o futuro, mas não alivia preocupação imediata com alta de preços e possível escassez

Patrícia Feiten

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Lideranças do setor agrícola receberam com otimismo o anúncio do Plano Nacional de Fertilizantes, que busca reduzir a dependência brasileira de insumos importados de 85% para 45% até 2050. Para os agricultores, porém, a iniciativa surtirá efeito apenas em longo prazo e não amenizará dificuldades como a alta de preços e o temor de que falte o produto em razão da guerra entre Rússia e Ucrânia. O plano foi formalizado na última sexta-feira por meio de decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro.

“Qualquer plano que venha a amenizar a necessidade de importação é bem-vindo”, diz o vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Elmar Konrad. Segundo o dirigente, os preços dos fertilizantes já estavam altos e o conflito no leste europeu agrava um quadro de oferta já complicado. “Os fertilizantes saíram de R$ 2.700 (a tonelada) no ano passado para R$ 4.900”, compara.

Conhecidos pela sigla NPK, os fertilizantes mais usados pelos produtores brasileiros são o potássio, o fósforo e o nitrogênio. Esses nutrientes são responsáveis, respectivamente, por 38%, 33% e 29% do consumo, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “O nitrogênio exige um dispêndio muito grande de energia, e tem de ser energia barata, que o Brasil não tem”, destaca Konrad, ao explicar a forte dependência do item importado.

O presidente da Federação dos Arrozeiros do Estado (Federarroz), Alexandre Velho, avalia que o plano nacional é positivo, mas alerta que o setor precisará buscar alternativas de suprimento em curto e médio prazo, além de “racionalizar o uso de fertilizantes” na próxima safra de verão. Diante da disparada do preço dos insumos, Velho já projeta uma redução da área de cultivo de arroz, de 957 mil hectares na safra 2021/2022 para 800 mil hectares no ciclo 2022/2023, com a expansão das lavouras de soja. “O arroz tem uma necessidade de fertilizantes ainda maior que a soja”, observa.

Para o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro), Paulo Pires, o plano representa uma “correção histórica”. “Assim como optamos em uma época por exportar trigo, optamos por importar fertilizante”, diz.
No documento, são enumeradas 80 metas e 130 ações de curto e longo prazo, como o mapeamento de obras paralisadas que, retomadas, aumentariam a produção local de fertilizantes. O plano menciona oportunidades para tecnologias sustentáveis, como os fertilizantes orgânicos, e prevê a Caravana Embrapa FertBrasil, com visitas técnicas para orientar produtores sobre o uso eficiente de fertilizantes. “Esse é outro lado altamente positivo, vem com um recado que é a importância da preservação do solo”, avalia Pires.


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895