Estiagem ameaça produção de leite

Estiagem ameaça produção de leite

Situação é considerada “desesperadora”

Nereida Vergara

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Além de devastar as lavouras de milho, atrasar o plantio da soja e deixar os arrozeiros em estado de alerta, a estiagem que assola o Rio Grande do Sul desde dezembro vem prejudicando a produção de leite.

A situação é considerada “desesperadora” pelo vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Eugênio Zanetti, que revela que a entidade tem relato de produtores que já reduziram em 40% a coleta e que começam a vender parte de seus plantéis por não terem como alimentar as vacas. De acordo com levantamento da Emater/RS-Ascar, a captação já caiu cerca de 1,6 milhão de litros por dia, da média estadual de 11 milhões de litros de litros por dia.

A Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) observa que este é o quarto ano consecutivo de chuvas irregulares que afetam produções como a do milho, alimento base da ração das vacas leiteiras. O presidente da entidade, Marcos Tang, concorda com Zanetti ao afirmar que a atual combinação de fatores está acabando com o produtor, que vive o impasse de vender as vacas para pagar as contas e não ter mais leite ou tentar manter as vacas com poucos recursos para comprar alimentos, cada vez mais caros, para o plantel. Tang admite que a estiagem atual não é a mais severa vivida pela Serra gaúcha, mas acabou sendo a mais sacrificante em razão dos dias com altas temperaturas. Lembra ainda que o produtor já vinha enfrentando outro problema, além da seca: a baixa no preço recebido pelo litro do leite. “É um quadro dramático realmente e acreditamos que mais produtores vão deixar a atividade neste ciclo”, lamenta Zanetti.

Grãos

A escassez de chuva também prejudicou a conclusão do plantio da soja. A área semeada avançou apenas um ponto percentual nos últimos sete dias, para 94%. A referência histórica para a primeira semana do ano é de 100%. O plantio do milho também chegou a 94%, mas a média para a semana é de 97%.

No caso do arroz, que está com 99% da cultura implantada, a área mais atingida pela estiagem é a região Central, onde, segundo o presidente da Federarroz, Alexandre Velho, há produtores escolhendo que parcelas da lavoura irrigar, em função do baixo nível dos mananciais de água.

Ministra

Lideranças dos produtores pretendem entregar reivindicações de medidas contra os prejuízos da estiagem para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que tem visita pré-agendada para Santo Ângelo, na próxima quarta-feira. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895