Estiagem desenha cenário difícil para agropecuária gaúcha

Estiagem desenha cenário difícil para agropecuária gaúcha

Nas regiões afetadas, seca agrava situação de produtor que já teve as finanças abaladas pelo problema na safra passada, alerta economista da Farsul

Patrícia Feiten

Nas regiões afetadas, seca agrava situação de produtor que já teve as finanças abaladas pelo problema na safra passada, alerta economista da Farsul

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Embora venham sendo divulgadas estimativas diferentes sobre os estragos da estiagem na agropecuária gaúcha, o cenário que se coloca diante do setor é grave, avalia o economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz. Para o especialista, a crise hídrica ganha contornos ainda mais preocupantes quando se considera que atinge produtores já fragilizados pela seca que assolou a safra de verão 2021/2022.

Na quinta-feira (16), a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro-RS) divulgou que as perdas decorrentes da estiagem nas lavouras de soja e milho até o momento correspondem a R$ 28,38 bilhões. O levantamento, feito na área de abrangência de 21 cooperativas filiadas à entidade, projeta quebras de 43% e 56%, respectivamente, na colheita das duas culturas.

O governo do Estado, por sua vez, estima um prejuízo total de R$ 13 bilhões, com base em dados da Emater, que já contabiliza queda de 20,8% na produção de soja e de 30,6% na de milho. “Qualquer cenário é ruim. Nenhum produtor consegue enfrentar duas estiagens consecutivas sem que o seu negócio sofra um impacto significativo, mesmo que esta, para ele, não seja tão ruim como foi a anterior”, observa Da Luz.

Ao contrário do que se verificou no ciclo passado, quando a seca afetou as lavouras gaúchas de forma generalizada, a distribuição das chuvas tem sido desigual pelo Estado. “Ainda não temos a dimensão total das perdas, em razão da característica desta estiagem”, explica Da Luz. Ele observa que as regiões mais impactadas são a Fronteira Oeste, as Missões e alguns municípios do centro do Estado. “(Nas demais), alguns produtores vão colher 70 sacos (de grãos) num talhão e 20 em outro”, exemplifica.


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