Ausência de anúncio sobre socorro à estiagem frustra entidades na abertura da Expodireto
Evento na manhã desta segunda-feira em Não-Me-Toque foi marcado por declarações políticas
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Muitas declarações políticas e nenhum anúncio concreto marcaram a abertura oficial da 21ª Expodireto/Cotrijal, na manhã desta segunda-feira, em Não-Me-Toque. A principal expectativa de produtores e entidades presentes à cerimônia era de que a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, antecipasse medidas de socorro aos agricultores gaúchos atingidos pela estiagem.
A ministra disse que o governo está olhando para o cenário climático no Rio Grande do Sul e estudando formas de atender as demandas apresentadas até o momento, mas não sinalizou com qualquer solução.
O presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, não disfarçou a irritação com a inexistência de avanços. "Foi frustrante a fala da ministra, a quem, na manhã desta segunda-feira, entregamos um novo documento reforçando as dificuldades pelas quais estão passando os produtores. Dizer que o governo federal está olhando para o agricultor é fácil, mas e agir?", reclamou Joel.
Acompanhado do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Não- Me-Toque, Maiquel Junges, Joel reiterou que a situação das lavouras de soja no Rio Grande piora a cada dia com a falta de chuva, que se enxerga nas plantações a soja verde, mas completamente sem grãos. Junges complementou a preocupação de Joel dizendo que em Não-Me-Toque a média de produtividade na oleaginosa tem sido entre 15 e 20 sacas por hectares. "E temos notícia de que em alguns municípios sequer haverá o que colher", disse o sindicalista.
Menos enfático, o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, não minimizou as dificuldades das lavouras de verão do Estado em razão da seca, mas disse que a ministra não tinha por que fazer anúncios durante a abertura uma vez que a falta de chuva vinha sendo avaliada pelo governo federal de forma pontual até o momento. "Mas é claro que se a estiagem se estender para o mês de março inteiro podemos ter mesmo um quadro de perdas generalizadas", comentou.
Já o governador Eduardo Leite afirmou que o Estado aguarda com ansiedade a decisão federal de prorrogar as dívidas daqueles produtores que comprovaram as perdas causadas pela seca. "Estamos esperando a negociação entre os ministérios da Economia e da Agricultura para que esse procedimento seja adotado o mais breve possível", revelou Leite. O governador também anunciou que deverá acabar com a EGR e migrar as operações das 14 estradas que hoje estão sob responsabilidade da empresa para o setor privado.
Autoridades do Rio Grande do Sul, do Brasil e de países como a Nigéria e o Paraguai, participaram da cerimônia de abertura no auditório principal do parque de exposições, O presidente da Cotrijal, Nei Manica, comemorou as novidades da feira, como a arena agrodigital e a participação massiva de delegações internacionais. Manica reclamou dos juros altos para o agronegócio diante de uma economia em que a Taxa Selic se estabiliza abaixo dos 5%, mas reforçou que o foco da feira são os negócios "não o coronavírus", brincou.
