Expodireto tentará ajustar oferta e demanda do milho no RS

Expodireto tentará ajustar oferta e demanda do milho no RS

Fórum discutirá como tornar cultura atrativa para o produtor

Correio do Povo

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Os desafios para o Rio Grande do Sul conseguir equilibrar a oferta e a demanda do cereal estão na principal pauta do 10° Fórum Nacional do Milho, hoje, primeiro dia de programação da 19ª Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque. Neste ano, o déficit do grão no Estado será de 2 milhões de toneladas, segundo cálculos do diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos (Sips/RS) e presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), Rogério Kerber. Ele será um dos palestrantes no evento, com início marcado para as 14h, no Auditório Central.

A safra de 2017/2018 é a sexta consecutiva com queda na área das lavouras de milho no Estado. De acordo com a Conab, os gaúchos plantaram 1,1 milhão de hectares em 2011/2012 e 728,4 mil hectares no atual ciclo, que tem projeção de produção de 4,7 milhões de toneladas. Para frear esta redução no cultivo de milho no Rio Grande do Sul, Kerber defende pelo menos três alternativas. Uma delas é trabalhar junto aos governos e instituições financeiras a criação de linhas de financiamento para beneficiar agroindústrias dos setores de avicultura e suinocultura, grandes consumidoras do grão, para possibilitar que elas comprem, no período de colheita do milho, o volume necessário para abastecer suas atividades ao longo do ano, evitando que a produção local seja escoada para outros Estados e países e depois tenha que retornar por valores mais altos.

Em 2016, por exemplo, de acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, os produtores gaúchos exportaram quase 200 mil toneladas. Naquele ano, as empresas instaladas no Rio Grande do Sul precisaram importar 432 mil toneladas. Kerber explica que, como garantia para acesso a estes financiamentos, as agroindústrias usariam o próprio estoque de milho e os animais das granjas. Outro gargalo, na opinião de Kerber, é a falta de linha de crédito para as empresas investirem em armazenagem.

O terceiro ponto defendido por ele é a venda antecipada de milho, com fechamento de contratos entre produtores e indústrias. “Está se tentando construir um modelo de mercado futuro no Estado, mas é algo que não ocorre de uma hora para outra”, comenta. O presidente da Associação dos Produtores de Milho do Estado (Apromilho), Ricardo Mene-ghetti, acredita que, se houver avanço nestas três propostas, se alcançará “sustentabilidade da cadeia do milho no Rio Grande do Sul”. Para ele, qualquer postura que venha a ser tomada tem que visar preços justos ao produtor, já que a oscilação das cotações tem sido fator determinante para a queda na área cultivada com milho no Estado.

Em junho de 2016, o saco de 60 quilos chegou a ser vendido a R$ 53. Um ano depois, o milho era negociado a R$ 25, segundo indicadores do Cepea (Esalq/USP). Diante desta flutuação acentuada, Meneghetti diz que o produtor tem preferido cultivar soja. Além de Kerber, palestrarão no fórum o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, sobre o futuro do milho; o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, sobre o papel do grão na segurança alimentar em nível global; e o consultor de agronegócios, Carlos Cogo, sobre a expansão do milho brasileiro no mercado global. 



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