Mercado de irrigação está aquecido na Expodireto

Mercado de irrigação está aquecido na Expodireto

Severa estiagem que se abate sobre o Rio Grande do Sul aumentou a procura por equipamentos e fez empresas apresentarem novidades

Felipe Faleiro

“A irrigação é uma ferramenta que agrega valor”, afirma Bee, de Tapejara

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O produtor Cláudio Bee, de Tapejara, um dos tantos que sofreu com a estiagem, estava de olho em equipamentos de irrigação durante a Expodireto Cotrijal. Ele, que planta milho, soja, trigo, cevada e aveia, além de produzir e comercializar sementes, já tem um pivô central e buscava mais um para adquirir. “A irrigação é uma ferramenta que agrega valor”, disse.

A irrigação vem chamando a atenção durante a feira. As empresas trouxeram novidades, como a telemetria, em que o controle da água a partir dos pivôs ou aspersores é feito pela via remota, por meio de telas. “Embora o Rio Grande do Sul tenha boa incidência de chuva, a distribuição dela é bastante irregular. E isto pode pegar de surpresa o agricultor. Com o ciclo normal, muitas vezes a produtividade plena não é atingida”, disse o gerente comercial da área de Irrigação e Fotovoltaica da Fockink, Juan Latorre.

“Vemos a Expodireto como a feira da retomada. Muitos agricultores buscam novas tecnologias, e, na minha visão, a gente teve um salto muito grande nesta aceitação do cliente a esta tecnologia, especialmente depois da pandemia”, afirma Vinicius Melo, diretor comercial da Valley. Ele explica que com o lockdown nas cidades, os agricultores fizeram com que seus filhos aprendessem a função. “A gente está vendo um público voltando às feiras, e vemos um período forte de vendas. Nunca o mercado esteve tão aquecido como neste momento”.

A Emater fez um comparativo entre lavouras de milho irrigadas e as que não recebem água por este processo, independentemente da forma. O desempenho também está vinculado ao relevo, à área e à adubação. Os locais irrigados corretamente podem produzir até 200 sacas por hectare. E os que recebem só chuva, de 50 a 70 sacas.

Entre as parcerias de concessão de crédito das empresas com os bancos, as taxas variam de 9% a 14,5% ao ano, sendo que o valor mais baixo é da Caixa. As fabricantes também têm condições próprias. Mas produtores dizem que o preço dos equipamentos dobrou em meio à pandemia, e a taxa de juros subiu de 50% a 80%.

O Estado lançou em 2021 o Irriga + RS, que incentiva a instalação de sistemas irrigantes e reservação de água, subsidiando até R$ 15 mil em valores contratados por pequenos produtores. São R$ 201,4 milhões destinados para este eixo.

O vice-presidente da Farsul, Domingos Antônio Velho Lopes, diz que há duas situações que afetam a atividade dos produtores: os índices de produtividade “baixíssimos” e questões estruturantes. Segundo ele, é inviável fazer a reservação de água por “filigranas jurídicas” impedindo a abertura de açudes e barramentos. 


Correio do Povo
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