Desafios da logística em debate na Expointer

Desafios da logística em debate na Expointer

Lideranças da cadeia elaboraram manifesto que será entregue ao governo federal e à ANTT

Luciamem Winck

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Lideranças dos setores produtivos do Rio Grande do Sul e empresários reuniram-se nesta terça-feira na Casa da Farsul, no Parque de Exposições Assis Brasil, para avaliar os desafios logísticos para o aumento da competitividade da produção gaúcha. Ao término do encontro, elaboraram um manifesto endereçado ao poder público, com demandas para viabilizar o desenvolvimento dos principais modais de transporte. Os problemas envolvendo ferrovias, hidrovias e rodovias foram os assuntos dominantes. No encontro, os dirigentes da Famurs, Farsul, Fecomércio e Federarroz decidiram referendar o documento apresentado pela Fiergs, que será ser encaminhado ao Ministério dos Transportes e à Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT), que pede a revisão dos planos de prorrogação da concessão de exploração ferroviária que está atualmente com a Rumo Logística, por conta das constantes desativações de ramais, cortando as ligações ferroviárias com o Mercosul.

“Apesar do aumento em mais de 30% da produção, a movimentação de cargas ferroviárias no Rio Grande do Sul tem decaído ano a ano, estabilizando-se no volume de 8 a 9 milhões de toneladas/ano, muito aquém de sua capacidade potencial. Esta queda reflete o desestímulo da concessionária em prospectar cargas e tem sido acompanhada pela desativação de vários ramais”, diz o documento. Relatam que apenas 1.823 quilômetros da malha ferroviária são trafeáveis em um universo que totalizam 3.259 quilômetros de trilhos. Desta forma, apenas 6% das cargas são movimentadas por este modal. O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, ressaltou a importância da infraestrutura de transporte para a economia do RS. “Estamos projetando um crescimento da safra. Temos uma nova fronteira agrícola no Sul do Estado que aumentou muito a sua área plantada, mas a estrutura que temos para o escoamento da produção é a mesma há anos”, argumentou.



O diretor da Farsul, Fábio Avancini Rodrigues, observou que a questão logística faz com que o setor produtivo perca competitividade. "Não estamos conseguindo escoar a produção com efetividade", frisou. Segundo ele, há um consenso de que a situação atual não serve à cadeia produtiva, à economia e ao RS. "O manifesto faz um alerta sobre os riscos da continuidade da concessão ferroviária, cujo contrato vence em 2028, e reivindica a ativação do máximo volume de trechos", revelou. Mesma opinião tem o o diretor da Fiergs, Ricardo Portela. “Precisamos ter a logística mais econômica e eficiente possível, e este modelo, como está, não serve”, sintetizou.

As hidrovias também estiveram na pauta. A meta é conjugar esforços para estimular o desenvolvimento deste modelo de transporte. Rodrigues ainda afirmou que é preciso esforços dos setores público e privado para a atração de empreendimentos no entorno dos rios navegáveis, para assim viabilizar este modal. As lideranças também reivindicam um modelo de serviço de dragagem que possibilite a navegação segura pelos canais, tanto em transporte de cargas como de passageiros.

"A política de atração de empreendimentos pode tornar o estado atrativo para ser um polo de logística global, integrando América do Sul, África e Ásia", argumentou o diretor-presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários, Wilen Manteli. Já com relação às rodovias, a solução dos gargalos passa pelo duplicação da malha federal. "É muito difícil nossa gestão logística. As perdas de competitividade são constantes", ponderou o diretor da Farsul, Caio Nemitz. O grupo igualmente critica a falta de duplicação de estradas federais e a demora para a finalização de obras já em execução, com ênfase para a BR 116.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895