Máquinas agrícolas voltam com força ao parque

Máquinas agrícolas voltam com força ao parque

Comercialização na 45ª Expointer é projetada em R$ 4 bilhões pelo Sindicato das Indústrias de Máquinas do RS

Patrícia Feiten

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Em um 2021 repleto de números desalentadores em muitas atividades industriais, as vendas de máquinas e implementos agrícolas deram um salto de quase 50% no Rio Grande do Sul na comparação com o ano anterior, de acordo com dados do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers). Impulsionados pela evolução cada vez mais rápida das tecnologias usadas dentro da porteira – boa parte delas exibidas em primeira mão aos produtores durante eventos-chave como a Expointer –, os negócios se mantêm aquecidos e motivam projeções positivas para a exposição deste ano. Se a edição passada começou sem o brilho das maiores fabricantes do setor, que, por decisão das matrizes, não participaram do evento, a de 2022 traz a expectativa de grandes inovações com o retorno desses pesos-pesados ao Parque de Exposições de Esteio.

Neste ano, cerca de 160 empresas estarão presentes na Expointer, quase o dobro do número de expositores da mostra anterior, diz o presidente do Simers, Cláudio Bier. A projeção da entidade é que as vendas alcancem no mínimo R$ 4 bilhões. “O pessoal está sequioso por uma (grande) Expointer, estamos tendo uma procura muito grande por locais e estandes. É a primeira feira depois do lançamento do Plano Safra 2022/2023, por tudo isso estamos otimistas”, destaca Bier. Na avaliação do executivo, uma ferramenta que promete estimular os negócios é a chamada “Tabela FIPE” de colheitadeiras e tratores usados. Lançado neste mês pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), o levantamento informará mensalmente o preço médio de venda de mais de 250 modelos. “Os bancos vão ter parâmetro para financiar máquinas usadas. O agricultor que vendeu sua máquina vai ter dinheiro para comprar mais máquinas novas”, diz Bier.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Hernane Cauduro, também espera crescimento de vendas na comparação com a edição anterior, mesmo com o aumento do custo do crédito no âmbito do Plano Safra. No ano agrícola 2022/2023, o juro aplicado ao Moderfrota, principal programa de financiamento de máquinas agrícolas no Brasil, passou de 8,5% para 12,5% ao ano. “A tendência é que haja negociações mais diretas entre produtores e fornecedores”, aposta Cauduro, lembrando que muitos fabricantes contam com soluções próprias para financiar os agricultores. Entre os fatores favoráveis aos negócios, Cauduro cita a necessidade de acompanhar o ritmo vertiginoso dos avanços tecnológicos. “Antes da pandemia, a idade média do maquinário estava na casa dos 10 anos. Mas os produtores vêm trocando em menos tempo”, afirma. 

Para a norte-americana Massey Ferguson, o retorno ao parque de Esteio coincide com a comemoração dos seus 175 anos de atuação no mundo. O diretor de vendas da empresa, Alexandre Stucchi, destaca o papel decisivo que a agricultura gaúcha desempenha nos negócios da marca. “Dos nossos mais de 200 pontos de venda por todo o Brasil, cerca de 80 lojas estão no Sul, sendo praticamente metade no Rio Grande do Sul”, diz Stucchi. Presente na Expointer por meio das concessionárias Sotrima, Augustin, Itaimbé, Samaq, Jorge Santos, Redemaq Real, Pippi, Sama e Maquiagro, a Massey Ferguson lançará no evento o pulverizador da série MF 500R. Disponível em dois modelos, o equipamento é destinado à aplicação de defensivos em diversos tipos de lavoura e terrenos e promete uma economia de mais de R$ 50 mil por safra.

No estande da New Holland, os visitantes verão o resultado de investimentos em novas tecnologias de combustíveis. Uma das apostas da fabricante norte-americana é o trator biometano, capaz de reduzir em até 80% as emissões de poluentes na comparação com um veículo equivalente a diesel. Outro destaque, segundo o diretor de Mercado Brasil da empresa, Eduardo Kerbauy, é nova linha de colheitadeiras CR Intellisense, dotada de tecnologia de inteligência artificial, o que permite ao operador escolher entre diferentes estratégias de colheita conforme as condições da lavoura e o objetivo desejado. “O agricultor entende que é preciso se modernizar para acompanhar o constante crescimento produtivo que o agronegócio brasileiro vem experimentando nos últimos anos”, observa Kerbauy.


LS Tractor lança o trator R50, desenvolvido para o cultivo da uva, mas que pode ser usado em outros segmentos da fruticultura. Foto: LS Tractor / Divulgação / CP.

A coreana LS Tractor retorna à Expointer animada com o aquecimento do mercado. Segundo o gerente de marketing e vendas da empresa, Astor Kilpp, o tempo de espera por um equipamento novo da marca é de 150 a 180 dias. “A demanda está acima da capacidade de produção de máquinas hoje. O (agro no) Brasil vive um momento muito positivo”, avalia. Em Esteio, a fabricante promoverá o trator R50, já apresentado em dois eventos anteriores neste ano – a Expodireto, em Não-Me-Toque, e a Agrishow, em Ribeirão Preto. Com 50 cavalos de potência e apenas 1,36 metro de altura na menor versão, o modelo foi desenvolvido para o cultivo da uva, mas pode ser utilizado em outros segmentos da fruticultura em que as limitações de espaço dificultam o tráfego das máquinas. “Como a Expointer tem uma presença maior de produtores da Serra Gaúcha, muita gente não teve contato com esse produto ainda”, afirma Kilpp.

Com sede nos Estados Unidos, a John Deere, que na Expointer será representada pelas concessionárias Verdes Vales, SLC Máquinas e Alvorada, também mira o cultivo de árvores frutíferas. Nesta edição, apresentará o trator 3036EN, desenvolvido para agricultores familiares e pequenas propriedades e anunciado pela marca como “o menor e mais versátil já vendido no Brasil”. Outra novidade é a Plataforma de Milho Greensystem, disponível em três versões, entre as quais a Premium, com o sistema AutoTrac RowSense™, que combina piloto automático e sensores de linhas. O diretor de vendas da John Deere Brasil, Marcelo Lopes, afirma que a fabricante está otimista para o evento. “O nosso mercado é cíclico, e há muita positividade acerca do futuro, mesmo com intempéries e variáveis importantes que influenciam o mercado”, diz. 

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