Raças que vem e vão ao Parque de Eventos da Expointer
Além das variedades da pecuária gaúcha, evento costuma exibir exemplares de criação que estão sendo testadas
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Acostumado a frequentar as maiores feiras agropecuárias do país, o zootecnista Nathã Carvalho afirma que nenhum outro evento se aproxima da Expointer em variedades de raças. Na avaliação dele, a feira é um espelho da pecuária gaúcha, que também apresenta alto grau de heterogeneidade. A começar pela diferenciação de clima, culturas e etnias de uma região para a outra — e do fato de o Estado ter dois biomas, o Pampa e a Mata Atlântica. “Por conta disso, se faz necessário, às vezes, diferentes genótipos de bovinos para poder se tentar uma adaptação em diferentes sistemas de produção”, destaca.
Entre as raças bovinas que não participam da feira desde a década de 1970 estão Romagnola, Tarentaise, MRY, Ayrshire, Dinamarquesa Vermelha e Gelbvieh. O gado Chianina, que veio pela última vez em 1996, chamava a atenção pelo porte avantajado, e costumava disputar com o Charolês o título de animal mais pesado da feira. As raças francesas também tiveram seu momento na exposição, como o Salers (ausente desde 1995), o Blonde d’Aquitaine (2008) e o Maine Anjou (2015). De acordo com Carvalho, há a expectativa de que algumas destas raças voltem a participar da feira no futuro, enquanto que outras sequer contam com associações organizadas no país.
O atual perfil dos animais expostos na feira reflete também o crescimento de raças originárias do Reino Unido, como o Angus, Hereford, Devon e suas cruzas. O francês Charolês foi, durante algum tempo, a maior representação da Expointer (chegou a ter mais de 600 animais na década de 1980). “Houve uma britanização do rebanho, talvez até pela melhor facilidade de adaptação”, explica o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV/RS), José Arthur de Abreu Martins. Apesar disso, Martins destaca que muitos destes animais — como o Salers, ausente desde 1995 — foram importantes na formação de outras raças.
Apesar do declínio de algumas raças, Martins ressalta que outras ganharam espaço recentemente, como o Wagyu, de origem japonesa, que tem a carne considerada como a mais valiosa do mundo. A 40ª edição, por sua vez, vai contar com a estreia do Guzolando, resultado do cruzamento entre o zebuíno Guzerá com a raça Holandês. “A Expointer é o supermercado da genética. É a maior variabilidade de raças presentes em exposições de todo o país”, ressalta Martins.
O presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), Eduardo Finco, pondera que o momento econômico do país e os altos custos para trazer um animal à feira podem favorecer a ausência de muitas raças. No entanto, afirma que a entidade busca motivar os criadores citando as melhorias recebidas pelo parque nos últimos anos e o fato de ser um “palco diferenciado” para a pecuária.
A lista das raças ovinas que já estiveram na Expointer inclui a Lacaune, Southdown, Merilin e Shropshire. Nos equinos, estão o Peruano de Passo, Bretão, Haflinger e Hanoveriano, entre outros.