RS tem desafio de manter classificação como zona livre de aftosa sem vacinação

RS tem desafio de manter classificação como zona livre de aftosa sem vacinação

Tema foi debatido durante XVI Jornada NESPro e V Simpósio Internacional sobre Sistemas de Produção de Bovinos de Corte na 44ª Expointer


Vítor Figueiró

Painel online tratou do tema na Expointer

publicidade

O Rio Grande do Sul foi classificado, neste ano, como uma zona livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). O reconhecimento, que pode indicar novos investimentos e uma maior gama de países exportadores, teve desafios futuros e responsabilidades analisadas, nesta quarta-feira, no primeiro dia da XVI Jornada NESPro e V Simpósio Internacional sobre Sistemas de Produção de Bovinos de Corte, durante 44ª Expointer.

Abrindo o evento, o painel "Oportunidades e desafios, no cenário nacional e internacional, frente ao novo status sanitário do RS" tratou de explicar a importância do status sanitário obtido pelo Estado e o legado no médio-prazo. "Já existem empresas que querem investir no RS a partir do avanço do estado sanitário. Estamos diante da decisão mais importante da pecuária gaúcha dos últimos 30 anos. Avanço sanitário é sempre sinal de desenvolvimento", afirmou o presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), Leonardo Lamachia. 

No entanto, o presidente da Febrac reitera a necessidade de que investimentos sigam sendo feitos para que essa classificação se mantenha. "A responsabilidade é do poder público, que tem que manter o estado sanitário. Produtores e entidades também têm, mas a maioria responsabilidade é do Estado em seus três níveis. Foram feitos investimentos para chegarmos a esse novo status. Agora, precisamos seguir com isso de maneira permanente", explicou. 

A saída da nova classificação, ainda não provocou reações nas exportações no curto prazo, de acordo com o presidente da Farsul, Gedeão Silveira. Segundo ele, isso se dá, principalmente, pois os negócios são feitos em sua maioria com a China - maior exportadora de carne do RS - e que não faz essa distinção. "Nossa responsabilidade é grande perante principalmente os mercados asiáticos. Esse avanço, sem a aftosa, nos permite ampliar para outros destinos. Estamos trabalhando o mercado do Japão, com a ministra Tereza Cristina", garantiu. "Um país que se apresenta assim para o mundo, está mostrando seriedade com o que faz. Isso é o que o mercado internacional exige (...) Temos empresas que já indicaram investimentos nesse sentido. Estamos muito na palavra ainda, é verdade, mas isso vem acontecendo", disse.

Ex-vice-presidente da Farsul, José Roberto Pires Weber, também participou do debate do tema e apresentou um ponto de visto divergente dos colegas de bancada. Na sua avaliação, a retirada da vacinação não deve representar vantagens e o principal desafio é que a aftosa não reapareça com a queda da proteção. "Nunca deixamos de vender por vacinarmos e existem exemplos, como o Uruguai, que vacina e as exportações seguem as mesmas", declarou. "O Uruguai e a Argentina exportam carne para onde quiser e com vacina. Eles querem segurança, coisa que deixamos de ter", lamentou. 

O primeiro dia a XVI Jornada NESPro e V Simpósio Internacional sobre Sistemas de Produção de Bovinos de Corte contou também com a participação do ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Fernando Mattos. "É o momento de olhar para o mundo novo, das inovações. O agro nunca para", salientou o pró-reitor de pós-graduação da UFRGS e coordenador do NESPro, Júlio Barcellos. 

A noite também contou com o painel "Experiências e estratégias de zonas livres de aftosa sem vacinação", que tratou dos exemplos estaduais com status sanitário semelhantes aos do RS, como Paraná e Santa Catarina. Na quinta-feira, a Jornada prossegue com novas palestras desde o começo do dia, às 8h,  nas redes sociais do NESPro. 

 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895