Exportação de gado em pé está paralisada em 2021

Exportação de gado em pé está paralisada em 2021

Demanda de países importadores caiu ao mesmo tempo que os preços do Brasil se tornaram menos atraentes que os de outros exportadores

Patrícia Feiten

gado vivo em navio

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Após um salto na exportação em 2018 e um recuo nos dois anos seguintes, o Rio Grande do Sul não fez embarques de terneiros vivos em 2021. Entre os motivos para o “freio” está o impacto da pandemia de Covid-19 em tradicionais importadores, como Turquia e países árabes, e a valorização do animal jovem, que tornou os preços gaúchos menos competitivos frente aos de concorrentes como o Uruguai e o estado do Pará.

Vista como alternativa em períodos de dificuldade no mercado interno, a exportação de gado em pé pelo Rio Grande do Sul totalizou 169 mil cabeças em 2018 e caiu para 131,8 mil em 2019 e 107,2 mil em 2020, de acordo com a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). O presidente da Comissão da Pecuária de Corte da entidade, Pedro Piffero, explica que a alta das cotações do boi gordo foi seguida pela do mercado de reposição, o que travou as vendas ao exterior.

Em feiras de primavera realizadas no Estado, o quilo vivo do terneiro vem sendo negociado entre R$ 12 e R$ 13. Antes disso, nos remates de outono, as médias chegaram a superar R$ 15. “O comprador não absorve esse preço, pois o custo do frete (marítimo)  aumentou muito. Em vez de exportar, o pecuarista vende para o mercado interno”, constata Piffero. Parte da oferta gaúcha de gado em pé é destinada a outros estados – de janeiro a setembro deste ano, foram 37 mil animais.

“Enquanto não fizemos nenhuma exportação (em 2021), o Uruguai já ultrapassa a marca de 14 navios e mais de 100 mil cabeças embarcadas”, compara Eduardo Lund, que atua no comércio internacional de bovinos vivos. Segundo o corretor, o segmento ainda sofre o efeito da desaceleração econômica global e da paralisação do turismo na Turquia, principal destino do gado em pé do Brasil. Mas, ao mesmo tempo, já percebe a volta de parte de importadores tradicionais e a abertura de novos mercados, como o Vietnã e a China. Hoje, os embarques brasileiros são concentrados no Pará. “Grandes players exportadores do norte do Brasil têm intenção de atuar no Rio Grande do Sul, em virtude de demandas de bovinos das raças europeias”, afirma Lund.


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