FAO anuncia previsão recorde de cereais no mundo

FAO anuncia previsão recorde de cereais no mundo

Organização estima que 37 países necessitam de ajuda alimentar externa

AFP

Produção de cereais em países de baixa renda e com déficit de alimentos também deverá aumentar em 2,2% este ano

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Espera-se que a produção mundial de cereais atinja um nível recorde em 2017, a 2,611 bilhões de toneladas - anunciou a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), nesta quinta-feira, após ter alertado na semana passada sobre um aumento súbito da fome no mundo em 2016.

"Grandes ganhos" são esperados nas culturas na Argentina e no Brasil, enquanto se prevê um aumento de 10% na produção de grãos na África este ano, impulsionada pelas colheitas de milho no sul do continente e de trigo nos países norte-africanos, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em um comunicado.

A produção de cereais em países de baixa renda e com déficit de alimentos também deverá aumentar em 2,2% este ano, contribuindo para uma redução das necessidades de importações. Esses crescimentos estão "prestes a ter um efeito positivo no fornecimento mundial de alimentos, mas os conflitos civis em curso e os fenômenos climáticos estão prejudicando os esforços para reduzir o sofrimento relacionado à fome", acrescenta a FAO. As colheitas no Caribe também sofrerão os efeitos dos recentes furacões, enquanto na África Ocidental as inundações afetarão a produção.

Na semana passada, várias agências das Nações Unidas, incluindo a FAO, alertaram para um aumento súbito da fome no mundo em 2016, devido, em particular, ao ressurgimento de conflitos e ao aquecimento global. Depois de mais de dez anos de retrocesso constante, a fome avançou novamente, afetando 815 milhões de pessoas, 11% da população mundial, segundo um relatório da ONU publicado na última sexta-feira.

De acordo com as agências da ONU, 520 milhões de pessoas sofrem fome na Ásia (11,7% da população do continente), 243 milhões na África (20%) e 42 milhões (6,6%) na América Latina e Caribe. Das 815 milhões de pessoas afetadas em 2016 no mundo, 489 milhões vivem em países afetados por conflitos.

Nesta quinta-feira, após uma análise detalhada das perspectivas de colheitas e da situação alimentar mundial, a FAO estima que 37 países do mundo, incluindo 28 na África, necessitam de ajuda alimentar externa: Afeganistão, Burkina Faso, Burundi, Camarões, República Centro-Africana, Chade, República Democrática do Congo, República Democrática do Congo, Djibouti, Eritreia, Etiópia, Guiné, Haiti, Iraque, Quênia, Lesoto, Libéria, Líbia, Madagascar, Malauí, Mali, Mauritânia, Moçambique, Mianmar, Níger, Nigéria, Paquistão, Serra Leoa, Somália, Sudão do Sul, Suazilândia, Síria,
Uganda, Iêmen e Zimbábue.

Quatro vezes por ano, a FAO publica o "Relatório sobre as Perspectivas dos Cultivos e a Situação Alimentar", que complementa as análises semanais sobre as "perspectivas da alimentação" no mundo, divulgadas na semana passada. O próximo relatório é esperado para 7 de dezembro.

Correio do Povo
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