Farsul calcula queda de 8% no PIB estadual deste ano

Farsul calcula queda de 8% no PIB estadual deste ano

Análise da entidade é que estiagem provoca perda de R$ 31,7 bilhões na lavoura e de R$ 115,7 bilhões na soma das cadeias produtivas e impostos

Nereida Vergara

Projeção considera os impactos da estiagem

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O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul vai sofrer uma queda de 8% em 2022 em razão da estiagem, conforme projeção divulgada nesta quinta-feira pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), em reunião híbrida promovida pela entidade com o governador Eduardo Leite, representantes do governo federal e dos municípios, parlamentares estaduais e federais e demais organizações do setor. Levantamento apresentado pelo economista-chefe da entidade, Antônio Da Luz, indicou que as perdas registradas até o momento na safra de grãos, em função do clima, representam um prejuízo de R$ 31,7 bilhões ao Estado. 

Da Luz ressaltou, porém, que a agropecuária provoca impactos em toda a cadeia produtiva, o que significa perdas em cascata, com prejuízo de R$ 78 bilhões à indústria e serviços e redução de R$ 5,9 bilhões na geração de impostos indiretos, o que soma um impacto negativo no PIB de R$ 115 ,7 bilhões. 

O economista estimou que a perda em quantidade de grãos equivale a 4,3 vezes toda a capacidade de armazenagem das 34 cooperativas associadas à Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro). “É um volume inacreditável”, comentou. Calculando que somente para transportar os grãos perdidos seriam necessárias 253,3 mil carretas de 57 toneladas, estas formariam uma fila de 5,26 mil quilômetros, “como de Porto Alegre até Belém do Pará”, comparou da Luz.

O presidente da Farsul, Gedeão Pereira, afirmou que prejuízo desta magnitude exige uma ação urgente dos governos e principalmente do Congresso. Lembrou ainda que desde o início de janeiro as entidades vêm se articulando para obter a ajuda que ainda não chegou plenamente. Mas também atribuiu o estrago às limitações que o produtor rural tem para irrigar.

Orçamento

Guilherme Soria Bastos Filho, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) admitiu “que está faltando dinheiro” para concretizar as medidas de socorro aos produtores, que já foram alocados R$ 850 milhões para destravar o Plano Safra atual e que outros R$ 800 milhões terão de ser retirados de outros ministérios nos próximos dias. Também reiterou que uma das saídas para tapar o rombo de R$ 2,9 bilhões que o Mapa tem em seu orçamento seria a sensibilização do relator do Orçamento da União, deputado Hugo Leal, para separar esta quantia do montante que tem disponível para emendas, de R$ 16 bilhões. 

“É por isso que contamos com o empenho das nossas bancadas nessa tarefa”, acrescentou o governador Eduardo Leite, que concordou com a reivindicação de que as mudanças nas leis de uso da água sejam feitas com urgência. “Ninguém quer crescer à custa da degradação ambiental, mas não pode acontecer a negativa de reservação de água para a produção de alimentos”, destacou.


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