Fenasoja tem clima de reação às perdas da estiagem no RS

Fenasoja tem clima de reação às perdas da estiagem no RS

Exposição começa dia 28 com objetivo de aproximar produtores das tecnologias preventivas

Patrícia Feiten

Parque de exposições deve receber público de 250 mil visitantes

publicidade

Com a expectativa de atrair pelo menos 250 mil visitantes de 28 de abril a 8 de maio, a 23ª Fenasoja ocorre em um ano emblemático para os sojicultores gaúchos. Após um hiato de quatro anos – a última edição ocorreu em 2018, e o evento previsto para 2020 foi cancelado em razão da pandemia –, a exposição realizada no Parque de Exposições Alfredo Leandro Carlson, em Santa Rosa, será marcada pelo clima de reação à forte estiagem que assolou o Rio Grande do Sul no verão e frustrou mais de metade da produção esperada para a safra atual no Estado.

Neste ano, a Fenasoja reunirá 530 expositores, entre fabricantes de máquinas, fornecedores de insumos, instituições financeiras e de pesquisa. Segundo o empresário Elias Dallalba, presidente do evento, a mostra deve movimentar entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão em negócios – na edição de 2018, a receita foi de R$ 470 milhões. “Os produtores estão capitalizados, depois de bons anos de colheitas anteriores, mas (o impacto da estiagem) impede um salto significativo nos negócios durante a feira”, avalia Dallalba.

O mote do evento deste ano, diz o empresário, é o crédito rural. “O papel da Fenasoja é trazer empresas do ramo financeiro com juros baratos e boas condições de financiamento para que os produtores possam comprar equipamentos”, afirma. Em sintonia com o momento enfrentado pelos produtores, Dallalba destaca que a programação terá um painel sobre sistemas de irrigação. O objetivo é aproximar os pequenos e médios produtores das empresas do setor, incentivando a adoção de tecnologias preventivas para contornar as secas recorrentes no Estado.

O presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS), Décio Teixeira, diz que a feira ocorre em meio a um esforço de “reinvenção” no setor. “Num momento difícil como este, através de troca de ideias e debates, a feira traz oportunidades de mudança e superação”, afirma. Segundo Teixeira, desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, os agricultores vêm buscando soluções para driblar a escassez de fertilizantes químicos e garantir o plantio da safra de inverno – o país euroasiático é um dos principais fornecedores mundiais do produto. “Uma das opções que o produtor está encontrando e estão dando resultado é o uso de fertilizantes biológicos, junto com o pó de rocha”, exemplifica.

Para o vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) e coordenador adjunto da Comissão de Grãos da entidade, Elmar Konrad, a Fenasoja será um espaço importante para a discussão de temas que preocupam o setor, como a estagnação do Plano Safra 2021/2022. As linhas de crédito subsidiadas foram travadas pelo governo federal, devido à falta de recursos, no Orçamento da União, para a equalização de juros das operações. A reabertura do plano depende da aprovação do PLN 1/2022 pelo Congresso Nacional, que garantirá um crédito adicional de R$ 868 milhões para essa finalidade. “É o ano da pior safra, desde fevereiro não tem mais dinheiro, e não foi votado o PLN 1”, lembra Konrad.

O agricultor observa que o Rio Grande do Sul foi mais afetado pela estiagem na comparação com outros estados. Com a colheita já concluída em 55% da área cultivada, de acordo com a Emater-RS/Ascar, estima-se que a safra de soja atinja no máximo 9,5 milhões de toneladas do grão, ante uma estimativa inicial de cerca de 22 milhões de toneladas. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895