Fiscais do Rio Grande do Sul se mobilizam para evitar abate de vacas prenhas

Fiscais do Rio Grande do Sul se mobilizam para evitar abate de vacas prenhas

Segundo dados, percentual de fetos encontrados em fêmeas abatidas no Estado subiu 1,38% em dois anos

Nereida Vergara

Aumento do abate de vacas prenhas no RS está mobilizando fiscais agropecuários a buscarem uma legislação

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O aumento do abate de vacas prenhas no Rio Grande Sul está mobilizando fiscais agropecuários a buscarem uma legislação que preserve o bem-estar animal. Dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) apontam que o percentual de fetos encontrados em fêmeas abatidas no Estado subiu de 1% em 2016 para 2,38 % em 2018.

Isto ocorreu em função da atualização do Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), em 2017, que retirou das normas o descarte das vacas abatidas em gestação. Hoje, quando o produtor vende fêmeas nesta condição, o frigorífico desconta o peso do feto e pode aproveitar a carcaça. 

“A mudança da norma acabou diminuindo o cuidado do produtor e este passou a mandar mais vacas em adiantado estágio de gestação para o abate”, observa a fiscal agropecuária da SEAPDR, Raquel Cannavo. Atuando na inspeção de frigoríficos da região Metropolitana, Raquel constatou que, somente em um estabelecimento, na semana que antecedeu o Carnaval, de 42 vacas abatidas 36 estavam prenhas. 

Richard Alves, diretor da Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro) e veterinário do setor de bem-estar animal da SEAPDR explica que a lei estadual N° 11.915 prevê, em seu artigo 15, a proibição de transporte de fêmeas em avançado estágio de gestação. “O problema é que não existe regulamentação desta lei, o que nos impede de multar”, esclarece.

Alves observa que a tendência é responsabilizar o produtor, mas reconhece que é muito difícil que ele tenha certeza da prenhez de uma vaca sem um exame de toque feito por um veterinário. “Queremos uma norma que determine a presença de profissional no momento da seleção do gado para abate”, ressalta.

A presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV), Lisandra Dornelles, reforça que o diagnóstico gestacional evitaria viagens penosas às vacas prenhas e prejuízo econômico ao produtor.

Vice-presidente da Farsul e pecuarista nos Campos de Cima da Serra, Carlos Simm, concorda que a legislação precisa ser melhorada, mas é contra a punição do produtor. “O pecuarista tecnificado, assessorado por veterinário, em sã consciência jamais vai enviar para o abate uma vaca prenha pois estará perdendo dinheiro. Criar regra para punir vai prejudicar só o pequeno produtor”, analisa.


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