Impacto da estiagem se reflete no PIB gaúcho do segundo trimestre

Impacto da estiagem se reflete no PIB gaúcho do segundo trimestre

Com perdas de 53,5% na safra de soja, desempenho da economia tende a ser mais fraco que o dos três primeiros meses de 2022

Patrícia Feiten

Vale do Rio Pardo é a região mais afetada pela estiagem

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Os prejuízos causados pela estiagem deste ano à agropecuária gaúcha, somados aos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia e da pandemia de Covid-19, à escalada da inflação e à expectativa de baixo crescimento no Brasil, apontam um cenário desafiador para a economia do Rio Grande do Sul nos próximos meses. A análise é do Boletim de Conjuntura, divulgado nesta sexta-feira (1) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG).

O documento projeta para o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado no segundo trimestre uma queda ainda mais acentuada do que a verificada nos primeiros três meses do ano. Isso porque de abril a junho é contabilizada no cálculo a maior parte da produção de soja, que sofreu perdas de 53,5% em 2022, informa a publicação.

No primeiro trimestre do ano, a economia gaúcha recuou 4,7% frente ao mesmo período de 2021 e 3,8% na comparação com os últimos três meses de 2021. Elaborado pelos pesquisadores Fernando Cruz, Martinho Lazzari, Tomás Torezani e Vanessa Sulzbach, o boletim confirma as perspectivas já indicadas em abril, de potencial efeito negativo da estiagem nas atividades ligadas ao campo e em segmentos da indústria e dos serviços. Na indústria de transformação, a mais significativa da economia do Estado, a tendência é um ritmo de crescimento lento nos próximos meses, em reflexo das perdas na agropecuária e do baixo dinamismo da economia nacional e internacional.

O comércio também deve ser afetado pelos mesmos fatores. “No interior do Estado principalmente, o desempenho das vendas do comércio está relacionado com o comportamento do setor primário”, diz a pesquisadora Vanessa Sulzbach. Ela observa que as questões macroeconômicas também terão impacto negativo no setor, especialmente o aumento de preços e o encarecimento do crédito em decorrência da elevação dos juros.

De janeiro a maio, as vendas de produtos agrícolas despencaram 34,8%, de acordo com o documento do DEE. O maior impacto veio da retração das vendas de soja para a China, que significou US$ 1.369,4 milhões a menos em receitas em termos absolutos no período.


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