Isenção é insuficiente para aliviar o mercado do milho

Isenção é insuficiente para aliviar o mercado do milho

Analistas e representantes de entidades ligadas ao agronegócio no 
Brasil observam que país é exportador e oferta mundial está escassa

Nereida Vergara

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Estabelecida por medida provisória do governo federal há duas semanas e meia, a isenção do PIS e Cofins sobre a importação de milho ainda não provocou impactos na oferta e na cotação do grão no mercado interno. A pequena variação do preço da saca ocorrida na semana passada – de R$ 92,03 na segunda-feira para R$ 91,03 na sexta-feira, segundo o Esalq/BM&Bovespa – é atribuída por agentes e analistas de mercado mais à entrada do grão colhido na segunda safra do que à suspensão dos impostos. Além disso, a oferta é escassa também no exterior. 

“O Brasil é grande exportador de milho, e não importador, e não há de onde tirar o grão. Se o Brasil não tem milho não há quem o abasteça”, observa o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio Da Luz.

“É um benefício extremamente limitado”, analisa o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado do Rio Grande do Sul (Sips), Rogério Kerber, referindo-se às isenções. Segundo ele, quem importa milho são os grandes consumidores, já beneficiados pelo sistema drawback (que isenta a compra de matéria-prima no exterior quando usada em produto que será exportado). Na opinião de Kerber, a acomodação dos preços do milho na casa dos R$ 90,00 – depois de uma escalada de R$ 40,53, em 9 de outubro de 2019, para R$ 102,44 em 29 de julho de 2021 – está mais vinculada à variação da disponibilidade interna do que à internacional.

O presidente executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, entende que a isenção “chegou tarde demais”. Ele relata que as grandes empresas conseguiram importar, mas  lembra que o pequeno produtor acabou se endividando para se abastecer no mercado interno quando a saca estava cotada a mais de R$ 100,00.

Segundo o analista Giuliano Ferronato, da Mercado - Mercantil e Corretora de Mercadorias, a cotação não deve baixar porque há uma busca mundial pelo milho, já que a China compra muito e os Estados Unidos tem ampliado o uso do grão para fabricar etanol. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895