Pecuária gaúcha celebra uma conquista histórica

Pecuária gaúcha celebra uma conquista histórica

OIE reconhece Rio Grande do Sul como zona livre de febre aftosa sem vacinação nesta quinta-feira, abrindo mais caminhos para carne produzida no Estado

Nereida Vergara

Retirada da imunização do rebanho bovino sinaliza ao mundo que vírus não circula e que sanidade animal é excelente

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Uma conquista histórica para a pecuária do Rio Grande do Sul vai se consolidar na manhã desta quinta-feira. Durante sua 88ª Assembleia Anual, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), com sede em Paris, na França, outorga ao Estado o certificado de zona livre de febre aftosa sem vacinação.

A reunião plenária virtual, com transmissão ao vivo pelo site da OIE, será aberta às 7h, horário de Brasília, e se estende até às 9h, período em que serão apresentados os pleitos dos países – no caso do Brasil, também serão confirmadas as certificações do Paraná, Acre, Rondônia e parte do Amazonas e do Mato Grosso. Na sequência, ocorrerá a votação de cada item pelos 182 delegados que têm assento na organização, entre eles o brasileiro Geraldo Moraes, diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A partir das 9h, ocorre a reunião administrativa do colegiado, que é fechada.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e a titular da Secretária da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Silvana Covatti, acompanharão a assembleia junto com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Brasília. O ex-secretário e atual deputado federal Covatti Filho vai assistir a reunião na sala de cerimônias da Seapdr. Para este ato foram convidados parlamentares, representantes de entidades ligadas ao agronegócio e servidores das inspetorias veterinárias.

A partir das 10h, o Mapa faz uma live com transmissão em sua página do YouTube, com a participação dos governadores dos estados contemplados. Depois, técnicos do ministério vão responder perguntas da imprensa em coletiva on line.

O caminho para a retirada da vacinação contra a febre aftosa – doença provocada por vírus, altamente transmissível, que provoca aftas e leva os bovinos à inanição – se iniciou em 2017, com o lançamento, pelo Mapa, do Plano Estratégico do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (Pnefa), que prevê a retirada da vacinação do rebanho em todo o território brasileiro até 2026.

O ex-secretário Covatti Filho lembra que, nos seus dois anos de gestão, o governo estadual investiu R$ 10 milhões para qualificar o sistema de inspeção e assegurar a manutenção do novo status. Também foram adquiridos 93 veículos e contratados 150 servidores de apoio à fiscalização.

Exportações podem crescer R$ 1,2 bilhão

Um cálculo feito pelas cadeias produtivas de proteína animal e pelo governo do Estado indica que, com o novo status sanitário, o Rio Grande do Sul terá acesso a 70% dos mercados que hoje ainda estão fechados para a carne que produz ou para seus cortes com osso, o que levará  a um incremento de R$ 1,2 bilhão por ano nas exportações do setor. “É um momento de comemoração da agropecuária, que saberá aproveitar da melhor forma esta nova condição”, comenta a secretária da Agricultura, Silvana Covatti.

Para o governador Eduardo Leite, a evolução do status não vai apenas abrir mercados, mas também possibilitará investimentos em frigoríficos, gerando emprego e renda para a população gaúcha. O Rio Grande do Sul tem hoje um rebanho de cerca de 13 milhões de bovinos.

O presidente da Farsul, Gedeão Pereira, diz que o novo status leva o Rio Grande do Sul a uma situação ímpar na América do Sul, por ter limites com um estado que já está na mesma condição (Santa Catarina), dois países que mantêm o rebanho vacinado (Uruguai e Argentina) e o Oceano Atlântico.

Números de SC são animadores

Santa Catarina era, até hoje, o único território brasileiro com o status de zona livre da aftosa sem vacinação, conquistado em 2007. Ao comemorar 14 anos do reconhecimento, terça-feira, diversas autoridades daquele estado ressaltaram os resultados obtidos desde então. Em 2006, um ano antes da certificação, Santa Catarina exportava 184 mil toneladas de carne suína, faturando 310 milhões de dólares por ano. Em 2020, esse número saltou para 523,4 mil toneladas e gerou divisas de 1,17 bilhão de dólares.


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895