Pequena disponibilidade mantém a soja em alta

Pequena disponibilidade mantém a soja em alta

Nesta semana, preço da saca passou dos R$ 140,00 em portos do Brasil e cotação do bushel superou os 10 dólares na Bolsa de Chicago

Nereida Vergara

Estiagem provocou queda de quase 46% na colheita de soja do RS, segundo o secretário da Agricultura. No ciclo 2018/2019, os produtores gaúchos haviam colhido 19,2 milhões de toneladas

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Com a oferta de soja praticamente esgotada – mais de 90% da safra gaúcha 2019/2020 já foi vendida – os preços da saca da oleaginosa no Rio Grande do Sul mantêm a tendência de alta e não tem sido rara a constatação de que, mais uma vez, bateram seu recorde nominal. Atento à evolução da cotação, o professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e analista do mercado de grãos, Nilson Costa, observou que a saca de 60 quilos chegou a R$ 132,00 na quarta-feira e a R$ 143,00 ontem, no Porto de Rio Grande.

Em 16 de janeiro deste ano, aponta o Cepea/Esalq/USP, a saca de soja foi cotada em R$ 87,00 no Porto de Paranaguá (PR). Na quarta-feira desta semana, no mesmo terminal, estava em R$ 138,00, com uma valorização de R$ 51,00 em nove meses.

“Além da escassez de oferta observada no mercado interno, que se prepara para o plantio da próxima safra, o preço está sendo influenciado também pela valorização do bushel na Bolsa de Chicago”, analisa Costa. Na última semana, pela primeira vez em mais de um ano (desde o início dos desentendimentos comerciais entre Estados Unidos e China), o preço do bushel ultrapassou os 10 dólares.

“Tudo isso se reflete no valor da saca no mercado interno, inclusive com o pagamento de um prêmio consolidado de 1,70 dólar por bushel há mais de um mês em Rio Grande”, comenta o professor.

O presidente da Aprosoja, Décio Teixeira, aponta que o valor de balcão da soja também está aquecido. Segundo ele, a maioria das cerealistas gaúchas pagou entre R$ 132,00 e R$ 133,00 pela saca de soja ontem porque a oferta está baixa.

Embora não haja dados consolidados sobre a venda antecipada da safra 2020/2021, há sinais que esta modalidade de negócios está aquecida. O economista chefe da Farsul, Antônio Da Luz, revela que sondagens junto aos produtores “apontam para um volume elevado de travamentos, inclusive para a safra 2022”.


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