Postura ambiental da China reduz oferta de defensivos

Postura ambiental da China reduz oferta de defensivos

Audiência pública da Câmara dos Deputados discutiu a escassez de fertilizantes e produtos químicos que preocupa agronegócio brasileiro

Danton Júnior

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O compromisso ambiental assumido pela China, de reduzir a emissão de gases do efeito estufa, está diretamente relacionado à queda da oferta de defensivos agrícolas e fertilizantes no Brasil. A afirmação foi feita pela diretora executiva do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal (Sindiveg), Eliane Kay, durante audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, nesta sexta-feira (22).

De acordo com Eliane, as maiores contenções de produção ocorreram justamente nas províncias chinesas onde estão localizados os parques fabris responsáveis pela produção de químicos e num momento em que há aumento da demanda, o que está provocando escassez de oferta em todo o mundo. “Não é um problema pontual, é um problema sistêmico”, observou. O presidente da CropLife Brasil, Christian Lohbauer, destacou que 76% dos ingredientes ativos utilizados pela indústria brasileira são importados, sendo 32% da China, 11% dos Estados Unidos e 11% da Índia.

O diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Carlos Goulart, disse que no mês de maio começaram a ocorrer sinalizações do efeito da pandemia nas cadeias de suprimento. Com relação aos fertilizantes, ressaltou que o cenário é de eventual falta não para a próxima safra de verão, mas para as posteriores. Isso porque, segundo ele, o Brasil é muito dependente de importação dos três grandes macronutrientes: nitrogênio, fósforo e potássio.

Lohbauer sustentou que não haverá ruptura na safra que o Brasil está plantando agora. “As maiores empresas de defensivos conseguem entregar aquilo com que se comprometeram”, afirmou, admitindo, no entanto, que isso ocorre “com alguns casos de atraso, infelizmente”. Para o glifosato, ele calcula uma escassez de 10% ao fim da safra.
Já o diretor executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa, advertiu que mesmo que haja uma busca pela elevação da produção nacional, não se vislumbra uma situação de autossuficiência no cenário brasileiro.

Alternativas

Proponente da audiência pública, o deputado Jerônimo Goergen disse que pretende se reunir nos próximos dias com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para discutir alternativas. “Acredito que o grande dever de casa agora seja a diplomacia conversar com a China e outros parceiros estratégicos para que possamos localizar fornecedores que supram essas carências de ordem logística e energética”, destacou.


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