Presença de palometas no Jacuí preocupa pescadores e ambientalistas

Presença de palometas no Jacuí preocupa pescadores e ambientalistas

Problema se intensificou nas últimas semanas e já ocorre em cinco municípios gaúchos

Carolina Pastl*

Diversos pescadores têm pescado peixes destroçados por causa do invasor

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Representantes da Comissão da Agricultura da Assembleia Legislativa, Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), universidades e pescadores se reúnem na próxima quinta-feira para tratar da infestação de palometas no rio Jacuí. O problema foi percebido em fevereiro deste ano e se intensificou nas últimas semanas. Os municípios de Cachoeira do Sul, Rio Pardo, Vale Verde, Bom Retiro do Sul e General Câmara já registraram a ocorrência.

Em General Câmara, os pescadores relatam que estão capturando apenas dois quilos de peixes por dia, em vez dos 30 quilos usuais. Além disso, alguns afirmam ter encontrado exemplares feridos. “A palometa está atacando o pescado já na rede, o que o torna presa fácil”, relata o prefeito de General Câmara, Helton Barreto.

Além de problemas econômicos para os pescadores, há riscos biológicos. “As palometas poderão causar um desequilíbrio no ecossistema por não terem predadores”, teme o analista ambiental do Ibama, Maurício Vieira de Souza, acrescentando que, se as condições forem favoráveis, esses animais podem chegar ao Lago Guaíba.

Em reunião ocorrida na segunda-feira com a Secretaria de Aquicultura e Pesca, foi combinado que os prefeitos da região afetada devem enviar um relatório para a equipe técnica do Ministério da Agricultura estudar um plano de ação. O grupo também solicitou  auxílio financeiro para as famílias afetadas ao Ministério da Cidadania, mas  ainda não recebeu retorno.

O Ibama e a Sema elaboraram um questionário online que está disponível para prefeituras e qualquer pessoa que identificou o predador repassarem informações.

Nativa da bacia do rio Uruguai, ainda não se sabe como a palometa veio parar no Jacuí. No entanto, não foi a primeira espécie a fazê-lo. Peixes como a carpa e a tilápia já se estabeleceram no local da mesma forma, segundo a Sema. A suspeita é de que o deslocamento seja por meio de canais de irrigação e outros afluentes. 

Palometa

A palometa é um peixe omnívoro que possui dentes afiados e triangulares  e se alimenta principalmente de peixes, insetos e invertebrados aquáticos, como moluscos e crustáceos. Também são chamados de chupita, coicoa, piranha-caju e piranha-vermelha-da-amazônia.

*Sob supervisão de Elder Ogliari


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895