Produtor freia vendas de soja

Produtor freia vendas de soja

Incertezas sobre a safra americana, baixos estoques e variações no câmbio motivam cautela

Nereida Vergara

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O cenário que se desenhou para a comercialização da soja remanescente da safra 2020/2021 e o que começa a surgir para a safra 2021/2022 demonstra que o produtor está muito atento às cotações para não perder dinheiro. Na sexta-feira passada, a cotação da saca de 60 quilos no Porto de Rio Grande fechou em R$ 168,50, R$ 10,00 acima do preço de 30 de junho. Apesar da alta, a analista de grãos da corretora AgRural, Alaíde Ziemmer, observa que as vendas estão mais lentas do que há um mês e que no mercado futuro da safra 2021/2022 praticamente inexistem no momento.

A explicação para este comportamento, diz Alaíde, está na volatilidade do mercado. “No final de junho a comercialização esteve mais acelerada que agora”, recorda. A busca por vender, há um mês, foi motivada por uma sequência de quedas no preço, ocasionada por oscilações na Bolsa de Chicago e pela valorização do real perante ao dólar. “O produtor achou que tinha de vender naquele momento pois (o preço) poderia baixar mais, mas agora segura o produto porque acha que o preço tende a melhorar, conforme vai se definindo a safra americana”, avalia.

Para os contratos futuros, Alaíde acredita que o raciocínio do sojicultor se volta para a perda que ele teve neste tipo operação em 2020, quando travou preços muito mais baixos do que os alcançados no primeiro semestre de 2021, quando a saca do produto chegou a passar dos R$ 180,00. “Ele decidiu não repetir (a estratégia)”, completa.

O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, entende que os produtores estão bastante atentos ao fato de que 2022 será um ano turbulento, com disputa eleitoral possivelmente polarizada, o que acaba influenciando a taxa de câmbio. Sabem também das incertezas da safra de soja dos Estados Unidos e dos baixos estoques mundiais do grão. “O produtor não tem razão para ter pressa e essas variantes estão fazendo que ele espere para vender”, pontua da Luz. 


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