Restrição da Argentina à exportação de carne tem pouco impacto no Brasil

Restrição da Argentina à exportação de carne tem pouco impacto no Brasil

Governo de Alberto Fernandez estendeu limitações até outubro

Nereida Vergara

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A decisão do governo argentino, tomada na última terça-feira, de estender até o dia 31 de outubro as restrições às exportações de carne bovina, tem pouco ou nenhum impacto para o pecuarista brasileiro e os mercados internacionais onde o Brasil já atua, observa o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz.

A justificativa do governo do presidente Alberto Fernandez para ampliar a restrição, adotada inicialmente em junho deste ano e que deveria vigorar até o final de agosto, é de que a medida vai ajudar a reforçar o abastecimento doméstico da proteína e a conter os preços do produto ao consumidor.

Pelo decreto governamental, os embarques de carne bovina da Argentina para o exterior devem ser limitados à metade do que foi exportado pelo país em 2020, quando o faturamento total dessas operações chegou a 2,71 bilhões de dólares. “No curto prazo, a ferramenta de limitar as vendas ao exterior é fundamental para garantir o acesso da Argentina à carne bovina diante do forte aumento dos preços ao consumidor”, disse o governo. A Argentina é o quinto maior exportador de carne bovina do mundo e um dos principais fornecedores do mercado chinês. 

A decisão de ampliar por mais dois meses as restrições causou problemas internos ao país. Em entrevista à agência Reuters, o chefe da Câmara de Indústria de Carnes da Argentina, Miguel Schiariti, disse que, em apenas um mês de limitação nos embarques, o segmento de carnes do país perdeu 100 milhões de dólares.

Da Luz opina que a decisão do governo argentino de manter a restrição é economicamente equivocada, uma vez que não leva em consideração que a queda no preço da carne no mercado interno vai desestimular o produtor. “Com isso, a produção vai ficar cada vez menor e o país vai acabar não tendo mesmo o que colocar no mercado externo”, comenta. O economista lembra que os espaços deixados pela Argentina em grandes praças compradoras já são ocupados pelo Brasil, que é o maior exportador de carne bovina do mundo.


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