RS alerta para aumento de casos de raiva bovina

RS alerta para aumento de casos de raiva bovina

De janeiro a maio, Secretaria da Agricultura contabiliza 78% dos focos da doença notificados de janeiro a dezembro do ano passado

Correio do Povo

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A Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul (SEAPDR) lançará nos próximos dias o terceiro alerta sanitário para a raiva bovina no Estado. A ação deve-se aos 37 focos da doença notificados em 19 municípios durante os cinco primeiros meses do ano. O número é 27,5% superior ao registrado durante 2020 e equivale a praticamente 78% dos casos ocorridos de janeiro a dezembro de 2021.

A preocupação é maior porque, a partir de agora, a população do morcego hematófago, transmissor do vírus causador da doença, aumenta. “Os animais que nasceram entre novembro de 2021 e janeiro de 2022 passam a, também, alimentar-se de sangue”, explica o coordenador do Programa de Controle da Raiva Herbívora da SEAPDR, Wilson Hoffmeister.

Soma-se a isso a maior suscetibilidade dos transmissores ao patógeno devido às intensas mudanças climáticas do período. “Este ano, tivemos seca e, depois, muita chuva, estressando os animais e baixando a imunidade das colônias, que contraíram o vírus mais facilmente e migraram de um local para outro”, analisa Hoffmeister.

A SEAPDR também realizará ações de comunicação para sensibilizar criadores sobre a importância de notificar o serviço veterinário oficial sobre a ocorrência da doença. O tema foi alvo de reunião realizada ontem, em Porto Alegre, entre a SEAPDR, a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e a superintendência do Ministério da Agricultura no Estado (Mapa/RS). “Teremos diversas ações de comunicação para as quais contaremos com apoio da Farsul e da Famurs na divulgação”, detalha.

A região campeã de casos é a Fronteira Oeste. Conforme a SEAPDR, o município de Itacurubi lidera as ocorrências, que também chamam a atenção em Santiago, Muçum, São Borja e Bossoroca. “Há grande volume de focos também em Glorinha e Gravataí”, lembra.

A doença pode atingir também equinos, búfalos, ovelhas e porcos e ão existe medicação para contê-la, apenas a vacina preventiva. Ao serem mordidos pelo morcego, os animais se isolam, perdem o apetite e apresentam dificuldade para engolir. Posteriormente, têm movimentos desordenados com a cabeça, rangem os dentes e perdem a coordenação motora. Em poucos dias, não mais levantam, começam com dificuldade respiratória, seguida por asfixia e morte. A doença é uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida aos humanos, ocorrência não vista no Estado desde o início da década de 1980.


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