Safra de milho tem perda estimada em 29,4%

Safra de milho tem perda estimada em 29,4%

Número foi divulgado pela Fecoagro-RS com base em dados coletados pela Rede Técnica Cooperativa até o dia 29 de novembro

Patrícia Feiten

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Com a estiagem que afetou as lavouras gaúchas, a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (Fecoagro-RS) já estima uma perda de 29,4% da produção de milho na safra 2021/2022. A projeção é baseada em levantamento da Rede Técnica Cooperativa (RTC) até o dia 29 de novembro e poderá significar um prejuízo de R$ 2 bilhões para as cooperativas, tomando-se como referência o preço médio pago aos produtores, de R$ 81,00 a saca de 60 quilos. Os números foram divulgados ontem pela entidade.

Segundo o presidente da Fecoagro, Paulo Pires, o cenário é preocupante especialmente para a indústria de proteína animal, já que o milho é o principal insumo usado na formulação das rações. “Antes tínhamos um déficit de milho, agora começamos a ter um déficit de produção”, disse. Nas áreas de plantio irrigado, a quebra estimada é de 3,7%. “Consolida-se o caminho de que o Rio grande do Sul, para produzir mais milho, tem de ter a irrigação”, avaliou Pires.

Em contraste com o desempenho do milho, a cultura do trigo no Estado aponta para uma produção recorde de no mínimo de 3,5 milhões de toneladas – a colheita do cereal já foi concluída em 98% da área de cultivo prevista para o ano, de 1,2 milhão de hectares. Do total, 2 milhões de toneladas serão destinadas ao mercado externo. “A liquidez da safra está se dando com a exportação”, disse Pires. Para a próxima safra de inverno, cujo plantio deve começar em maio de 2021, o maior fator de apreensão está nas despesas da lavoura. Com base em preços coletados em novembro, a Fecoagro estima um aumento de 65% no custo total por hectare – para R$ 5.695,84 – na comparação com o mesmo mês do ano passado. Isso significa que, para cobrir todos os custos da lavoura, o produtor terá de colher 67 sacas de trigo por hectare, ante as 45 sacas atuais.

A Fecoagro apresentou ainda resultados do sistema associativo neste ano. Até outubro, as 30 cooperativas filiadas, que somam 173 mil agricultores associados, tiveram um crescimento de 49,2% na receita total. Dessas, 18 têm faturamento anual superior a R$ 1 bilhão, disse Pires. Foram divulgados ainda resultados da plataforma digital de gestão de dados Smartcoop, disponibilizada aos cooperados desde maio deste ano. A ferramenta já tem 12,6 mil usuários cadastrados, o que representa a cobertura de uma área de 441 mil hectares e 7.475 talhões, e deverá agregar novas funcionalidades. “Hoje, temos 708 técnicos usando a plataforma, e 67% dos produtores que usam o Smartcoop têm menos de 100 hectares”, destacou Pires.


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