Suspensão das compras chinesas repercute no RS

Suspensão das compras chinesas repercute no RS

Sicadergs constata que há frigoríficos parados e admite que preços internos da carne podem cair se a solução para o problema demorar

Nereida Vergara

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A suspensão temporária das exportações de carne bovina do Brasil para a China, em razão da notificação de dois casos de encefalopatia espongiforme bovina (doença conhecida como mal da vaca louca) em Minas Gerais e Mato Grosso, anunciada no início de setembro pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) tem repercussões na cadeia pecuária do Rio Grande do Sul. Segundo o Mapa, o fim do embargo depende de avaliações das autoridades chinesas e ainda não há previsão de quando a suspensão será levantada.

Embora sem precisar números, o presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ronei Lauxen, revela que a situação é preocupante e que pelo menos três plantas gaúchas habilitadas para exportar para o país asiático estão com abates suspensos há cerca de uma semana. Cada uma dessas plantas tem capacidade média de abate de 700 cabeças por dia, lembra o dirigente. “Claro que isso acaba influenciando no preço ao produtor e pode, se não houver uma solução em breve, ter um efeito para menos nos preços da carne no mercado interno”, comenta o dirigente.

Na sexta-feira passada, o Núcleo de Estudos em Sistema de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRSGS) atualizou os números da pesquisa semanal que calcula o preço do boi no Estado.

Conforme o levantamento, a cotação do quilo vivo do boi gordo caiu de R$ 10,52 em 1º de setembro para R$ 10,46 no dia 22. A diferença de R$ 0,06, diz o coordenador do núcleo, professor Júlio Barcellos, está dentro da normalidade da época, quando há uma oferta maior de bovinos de corte para os frigoríficos, já que os produtores sentem a necessidade de retirar os animais das pastagens para iniciar os tratos destinados ao plantio da soja.

Barcellos admite que o cenário criado pela suspensão das exportações de carne bovina pela China deixa o mercado “nervoso”, mas não vê relação direta com o queda nos preços. “O que está havendo agora é absolutamente normal para o mês de setembro.”


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895