Ciência ainda busca solucionar dúvidas sobre o coronavírus

Ciência ainda busca solucionar dúvidas sobre o coronavírus

Apesar da vasta pesquisa, pouco tempo de existência da doença deixa sem resposta muitas questões

R7

Eficácia da cloroquina está longe de comprovação e seu uso generalizado divide a comunidade científica

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Há sete meses, o mundo começava a ouvir sobre um novo vírus que causava uma doença até então sem nome. Quanto mais pessoas eram infectadas, mais descobertas acerca da Covid-19 eram feitas pelos cientistas. Mas o tempo ainda é curto e muitas dúvidas pairam em relação ao coronavírus SARS-CoV-2 e à infecção causada por ele. 

Imunidade

Possivelmente a principal dúvida em torno da doença, a duração da imunidade contra o vírus, é objeto de centenas de pesquisas científicas em todo o mundo. Por ser recente, não é possível ter uma fotografia completa do que ocorre no sistema de defesa após anos. No entanto, uma pesquisa recente sugere um papel importante dos linfócitos T.

Mesmo quando os anticorpos (IgG) não estão mais presentes, elas podem defender o organismo, até de forma mais duradoura, em uma nova exposição ao SARS-CoV-2. Por isso, muitas vacinas também levam em conta a capacidade de estimular a produção desse tipo de célula.

Segunda onda

Conforme alguns países veem um declínio do número de novos infectados, surge o temor de que o vírus possa retornar em uma segunda onda maior ainda, como ocorreu, por exemplo, na pandemia da gripe espanhola (um tipo de H1N1). Entretanto, medidas adotadas em diversas localidades — uso de máscaras, isolamento de casos confirmados, testagem em massa, distanciamento social e proibição de aglomerações — podem ser eficazes na contenção de novos surtos até que haja uma vacina.

Recentemente, a OMS indicou que pode haver apenas uma “grande onda” e não uma sazonalidade.

Papel das crianças 

Outro ponto ainda sem consenso científico a respeito envolve as crianças. Sabe-se que em outras doenças respiratórias transmissíveis, como a gripe, elas disseminam o vírus mais facilmente. No caso da Covid-19, porém, são poucas que desenvolvem quadros graves.

Mas um estudo recente mostra que crianças infectadas podem ter uma carga viral mais alta do que adultos. A descoberta pode mudar, por exemplo, as estratégias para reabertura de escolas antes que haja uma vacina.

Transmissão pelo ar

A transmissibilidade do coronavírus por gotículas de secreção, como saliva e espirro, sempre foi apontada. No entanto, há dúvidas se o vírus pode se espalhar pelo ar — por meio de aerossol, partículas ainda menores e que podem ficar em suspensão por tempo maior.

A Organização Mundial da Saúde reconhece que há evidências de que a transmissão pelo ar pode ocorrer, mas ainda não há estudos concretos neste sentido. Se comprovada essa suspeita, a infecção pode ser ainda mais fácil do que se imaginava.

Efeitos além dos pulmões

O principal alvo do coronavírus são os pulmões, que podem sofrer sérios danos durante a infecção. Mas já é observado em muitos casos que pacientes também adoecem do coração, cérebro e dos rins, por exemplo. Pesquisadores tentam entender mais profundamente como que a doença ataca outras partes do corpo de maneira, muitas vezes, mais severa do que os pulmões.

Assintomáticos

Pessoas infectadas pelo novo coronavírus que não desenvolvem sintomas podem infectar outras com facilidade? Esta é uma das perguntas que ainda intriga muito cientistas. No início da pandemia, na China, houve um estudo que mostrava que cerca de 85% das pessoas não desenvolviam sintomas, mas transmitiam o novo coronavírus.

Por outro lado, mais recentemente, isso já foi objeto de polêmica após uma representante da OMS declarar ser raros os casos em que assintomáticos transmitiam o vírus, informação que foi desmentida posteriormente. A grande questão em torno disso é que muitas pessoas podem ser pré-sintomáticas e estas começam a espalhar o vírus dias antes de desenvolverem os primeiros sinais da doença.

Origem 

Outra questão ainda pendente de elucidação tem haver com a origem do próprio coronavírus. Sabe-se que é um vírus muito parecido com o que provocou as epidemias de SARS (China, 2002) e MERS (Arábia Saudita, 2012) e cuja sequência genética se assemelha ao mesmo tipo de coronavírus encontrado em morcegos. Mas pesquisadores apontam que o “pulo” do vírus para humanos se deu por meio de outro animal.

Um estudo feito na China no início da pandemia apontou o pangolim — animal silvestre usado na medicina tradicional chinesa — como sendo o hospedeiro intermediário. No entanto, os resultados não são consenso na comunidade científica.


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