Prevent usou prontuário de idosa para indicar cuidado paliativo

Prevent usou prontuário de idosa para indicar cuidado paliativo

Segundo Tadeu Frederico, empresa teria usado prontuário de uma idosa para convencer família a desligar aparelhos

R7

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Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, nesta quinta-feira, o advogado Tadeu Frederico de Andrade, 65 anos, paciente da operadora de Saúde Prevent Senior, afirmou que médicos da operadora usaram o prontuário de uma idosa de 75 anos para tentar convencer a sua família a autorizar a colocá-lo em um leito de cuidados paliativos (usado em pessoas nos últimos dias de vida, para aliviar o sofrimento). 

Na ocasião, Frederico, que ficou 120 dias internado, estava entubado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo ele, uma médica da operadora ligou para uma das suas filhas comunicando que ele passaria a ter os cuidados paliativos. "Ou seja, eu sairia da UTI, iria para um chamado leito híbrido e lá teria, segundo as palavras da Dra. Daniella, maior dignidade e conforto, e meu óbito ocorreria em poucos dias. Seria ministrada em mim uma bomba de morfina e todos os meus equipamentos de sobrevivência na UTI seriam desligados. Inclusive, se eu tivesse alguma parada cardíaca, teria recomendação para não haver reanimação", relatou. 

Suas filhas não autorizaram, mas, segundo Tadeu Frederico, a médica que o atendia inseriu no seu prontuário o início dos tratamentos paliativos sem autorização da família. "Recomenda que se desligue, não se faça mais hemodiálise, não se ministrem mais antibióticos, enfim, também não faça a manobra de ressuscitação e que administre a bomba de morfina. E, ao final, ela diz o seguinte, nesse prontuário que já está nas mãos da CPI: 'Em contato com a filha Mayra, a mesma entendeu e concordou'. Isso é mentira, minha família não concordou", contou Tadeu. 

Ainda no mesmo dia, suas filhas e uma irmã estiveram em uma reunião presencial na Prevent, ocasião na qual médicos da operadora tentaram convencer a família a autorizar a ida do paciente a um leito de cuidados paliativos. "Tentaram me convencer de que, pelo prontuário na mão, eu tinha marcapasso, tinha sérias comorbidades arteriais e que, enfim, uma idade muito avançada. Só que esse prontuário não era meu, era de uma senhora de 75 anos. Não tenho marcapasso, a única coisa que tenho é pressão alta, sempre tive pressão alta", explicou. 

Durante a oitiva, o advogado se emocionou afirmando que se não fosse essa a postura da sua família, ele não estaria vivo. 

Em nota, a Prevent refutou a afirmação de que iniciou o tratamento paliativo ao paciente sem autorização da família. "Já tornado público via imprensa, o prontuário do paciente é taxativo: uma médica sugeriu, dada a piora do paciente, a adoção de cuidados paliativos. Conversou com uma de suas filhas por volta de meio-dia do dia 30 de janeiro. No entanto, ele não foi iniciado, por discordância da família, diferentemente do que o sr. Tadeu afirmou à CPI. Frise-se: a médica fez uma sugestão, não determinação. O paciente recebeu e continua recebendo todo o suporte necessário para superar a doença e sequelas", pontuou. 


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