Torcedoras assistem ao jogo do Brasil em bar no Centro de Porto Alegre

Torcedoras assistem ao jogo do Brasil em bar no Centro de Porto Alegre

Grupo de especialistas mulheres também comentou a partida

Raphaela Suzin

Torcida feminina em bar no Centro Histórico de Porto Alegre

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Para mostrar que futebol é, sim, um esporte de mulher, torcedoras se reuniram, na manhã desta sexta-feira, em um bar no Centro Histórico de Porto Alegre para assistir ao jogo entre Brasil e Costa Rica. Entre gritos, petiscos e, claro, cerveja, a torcida feminista acompanhou a partida em um canal de televisão com a narração de mulheres – algo inédito em Copa do Mundo no Brasil.

A cada lance, elas incentivaram a Seleção e sofreram até os minutos finais, quando o Brasil conseguiu furar o bloqueio da Costa Rica e marcar os dois gols. Mas as mulheres não estavam ali apenas para torcer, também comentaram a partida. Uma árbitra, uma pesquisadora, uma gerente de futebol e uma preparadora física falaram sobre a escalação do Tite, a ansiedade dos jogadores, o gol anulado e sobre o Neymar e as críticas que ele sofre. Mas também destacaram o bom momento do futebol feminino no País.

"Estou super feliz por esse momento do nosso futebol e com a obrigação da Fifa e da Commebol de que, a partir de 2019, todos os clubes tenham time feminino", comemorou a ex-atleta da Seleção Brasileira e gerente de futebol do Inter, Duda Luizelli. A professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e pesquisadora sobre mulheres no esporte, Silva Goellner, lembrou que após as mulheres romperem barreiras, elas se destacam no futebol. "As mulheres foram proibidas por 40 anos de jogar futebol no Brasil e como forma de resistência, elas fizeram isso, escondidas em empresas e hoje nos destacamos", disse.

A ideia de reunir a torcida feminina para assistir ao jogo foi da União Brasileira de Mulheres, para mostrar que elas entendem do esporte. “Sabemos que muitas mulheres gostam de futebol, então sugerimos nos reunir em um ambiente que não seja machista para que não precisássemos ter medo”, explicou uma das organizadoras do evento e conselheira do Inter, Fabiane Dutra, de 37 anos.

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Vídeos machistas

Entre um lance e outro, as mulheres também comentaram os vídeos machistas e misóginos gravados por torcedores brasileiros assediando mulheres. Para Adriana Jota, uma das organizadoras do evento e do Coletivo InterFeminista, os vídeos retratam a cultura machista do mundo. “Expressa o momento de intolerância que vivemos, que não aceita o diferente”, destacou.

Apesar disso, a repercussão que a publicação teve aqui no País foi motivo de comemoração. Diferente de outros episódios, o brasileiro condenou a gravação e defendeu a mulher. “Achei interessante a repercussão, porque a maioria dos brasileiros combateu essa conduta machista”, ressaltou a funcionária pública Isabela Berte, de 27 anos.

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