Bacupari, um pedaço do paraíso em Mostardas

Bacupari, um pedaço do paraíso em Mostardas

São três lagoas que envolvem pousadas, barracas de camping e muita área verde

Christian Bueller

São três lagoas que envolvem pousadas, barracas de camping e muita área verde

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Na hora de decidir onde veranear, há quem queira se afastar da agitação das praias mais aclamadas e busque a maré contrária, com direito à contemplação da natureza e, de certa forma, a volta às origens, devido à rusticidade do lugar. Assim é Bacupari, um recanto onde a velocidade da urbanidade não chegou, no município de Mostardas. São três lagoas que envolvem pousadas, barracas de camping e muita área verde, propícia àqueles que miram o descanso em vez da badalação.

Para quem sai de Porto Alegre, a RS 040 é o caminho, em uma viagem de cerca de duas horas, que ainda passa por um trecho da RSC 101 e por uma estrada de paralelepípedos para chegar lá. Placas de sinalização discordam, algumas chamam de Bacopari, outras de Bacupari, a forma correta. É o nome de fruta nativa do Brasil, altamente estudada por causa dos benefícios medicinais.

Coincidentemente ou não, a região provoca um bem-estar só com a proximidade da areia. As águas, límpidas e sem onda, dão pé até 300 metros da margem, onde fica uma boia, o que explica a tranquilidade de pais ao levarem as crianças na Lagoa Azul, a principal e mais procurada dali. É necessária atenção devido à falta de guarda-vidas, mas não se houve relatos de incidentes.

“Tínhamos vindo apenas uma vez, agora vamos voltar sempre. Dá para aliviar a cabeça”, conta Celso Morbene, que passou dois dias com a esposa Maria na casa de um amigo, perto da lagoa. Moradores do município de Rolante, interior gaúcho, mantêm um mercado, onde trabalham sete dias por semana. Era chegada a hora de um descanso. “Não sou muito de praia. E aqui é muito calmo”, conta, depois de uma passeada com Maria, que resume o que achou do lugar. “É tudo lindo, tudo de bom”.

Domingo é o que dia que mais pessoas procuram o lugar, mas os turistas ainda não dominam o movimento. Quem atesta é o dono de uma lancherias de frente à lagoa, Álvaro Grings. “Dá para dizer que 50% são moradores, 40% de pessoas que vem para passar o dia e 10% os que ficam em pousadas”. A dica é chegar cedo, principalmente, para quem vai de carro, já que somente uma faixa da via é disponível. “Na virada do ano, 7h30 já não tinha lugar para estacionar”, lembra Grings. Morador de Sapucaia do Sul, ele vai de mala e cuia com a família para Bacupari de dezembro a abril. “Tenho filha pequena e fico tranquilo com as águas, bem cristalinas. E eu aproveito nas segundas-feiras, que é feriado para nós”, brinca.

Nascido e criado na região, Gilmar Lisboa tem um camping com seu sobrenome com espaço para 200 barracas. Ele não viu diferença de movimento em relação ao ano passado em virtude da pandemia. “Está igual. Justamente porque o pessoal prefere fugir do ‘corona’ e vem para cá”, explica. Lisboa também gerencia um mercado de modelo antigo, com direito salames pendurados e um baleiro giratório de três andares. Em todo canto, Bacupari remete a um tempo que parece não existir mais. Mas ainda existe.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895