Com 50% de imóveis com dívidas no IPTU, quase quatro mil terrenos serão leiloados em Quintão

Com 50% de imóveis com dívidas no IPTU, quase quatro mil terrenos serão leiloados em Quintão

Moradores reclamam da falta de infraestrutura, saúde e emprego no balneário que pertence a Palmares do Sul

Carmelito Bifano

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A Prefeitura de Palmares do Sul pretende leiloar cerca de 4 mil terrenos do município até o final de 2019 para investir toda a renda obtida em melhoria da infraestrutura na praia de Quintão. O número se refere exclusivamente aos proprietários que têm dívidas de imposto territorial urbano (IPTU), que representa 50% dos imóveis do município. Destes, 3.860 estão no distrito balneário e outros 130 nas outras áreas da cidade-sede.

“Fui levando, levando, mas a comunidade nos cobra muito e, sem a contrapartida com o pagamento do IPTU, não tem como trabalhar (no distrito)”, lamenta o prefeito de Palmares do Sul, Paulo Lang.

Lang ressalta ainda que também não consegue cobrar a dívida de IPTU da empresa que loteou os terrenos na praia na década de 60. “Ela ainda funciona em Porto Alegre, mas juridicamente está como falida e possuiu muitos terrenos na praia”, destaca.

O prefeito garante que o município fez investimentos recentes em duas escolas, com um custo de aproximadamente R$ 1,8 milhão, em um posto de saúde e iniciou em dezembro a troca de iluminação antiga por lâmpadas de led, que tem um custo maior, mas consomem menos energia. Nos últimos 10 dias, mais de 200 foram trocadas.

“Vamos arrecadar entre R$ 300 mil ou R$ 400 mil com o leilão e pretendo usar todo o dinheiro na canalização e asfaltamento da avenida Esparta (via principal da praia e que apresenta asfalto irregular e muitos buracos)”, declara.

O IPTU pago por moradores de Quintão representam um valor entre 70% a 80% do que o município arrecada. Porém, segundo os moradores, o retorno não vem ocorrendo em obras ou melhorias para a população.

“O prefeito investe mais em Palmares do que em Quintão, o que é injusto, pois a nossa situação é terrível”, lamenta o garçom Roberto Almeida, de 27 anos.

Além das obras de infraestrutura, Almeida ressalta a falta de investimento na economia do balneário, o que cria uma escassez de trabalho e afasta os moradores do local.

“No inverno é muito difícil, não temos emprego. Diria que a falta de opções e a saúde são os principais problemas do Quintão”, admite o garçom.

Apesar disso, a venda dos terrenos dos inadimplentes é uma esperança para iniciar uma mudança no balneário, mas, enquanto isso, o prefeito pede que todos contribuam com os cuidados com a praia. O município tem 2 mil casas em Palmares do Sul e 20 mil em Quintão.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895