Lixão a céu aberto revolta moradores e veranistas em Tramandaí

Lixão a céu aberto revolta moradores e veranistas em Tramandaí

Descarte irregular tem sido denunciado nos últimos anos e é um problema histórico no município

Henrique Massaro

Resíduos são descartados a ponto de atrapalhar a circulação das ruas

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Ao mesmo tempo em que aproveitam o fato de estarem a poucas quadras da praia, moradores e veranistas de Tramandaí precisam conviver com um problema que beira a insalubridade e tem se mostrado histórico: o excesso de descarte irregular de resíduos nos terrenos baldios na avenida Senador Alberto Pasqualini – que liga a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) à beira-mar – e das ruas transversais. A situação foi mostrada mais de uma vez pelo Correio do Povo ao longo dos últimos verões e, nesta temporada, mostrou-se ainda pior.

No início da semana passada, logo nas primeiras quadras após a UPA, um terreno acumulava restos de construção civil, pedaços de madeira, sacos plásticos, roupas velhas e até móveis, como sofás, colchões, uma cadeira e uma caixa de som. Mais em frente, ruas de calçamento precário que cruzam a avenida, como 7 de Setembro e Antônio Fernandes da Costa, chegavam a estar parcialmente trancadas pelo excesso de lixo que é descartado irregularmente nos terrenos e acaba indo parar no meio da via. Em diversos pontos, havia, inclusive, um forte odor de animais mortos.

“Já liguei 14 vezes para a prefeitura e fiz protocolo na Secretaria de Obras duas vezes”, afirmou Márcio Knaak, 76 anos, que mora há um ano e meio na rua Marcílio Dias, próximo da esquina com a avenida Senador Alberto Pasqualini. Ele afirma que o problema não foi resolvido, porque, mesmo quando a limpeza ocorre no local, em seguida novos descartes são feitos por pessoas em carroças, mas também em automóveis, nesse caso, geralmente, durante a madrugada. Segundo Knaak, as ruas costumam alagar facilmente quando chove. “Se isso não mudar, vou sair daqui.”

Também morador das imediações, Adão de Oliveira, 69 anos, disse que recentemente precisou ser atendido na UPA por conta de fortes dores de cabeça provocadas pela fumaça depois que alguém ateou fogo em um dos focos de resíduos, algo que ocorre com certa frequência. Ele afirmou que fazia quatro meses que ninguém recolhia os descartes, e que há vezes em que o odor de restos de animais se torna difícil de suportar. Diariamente, carroceiros estão largando (lixo), e camionetes também”, comentou.

Prefeitura ainda não consegue solucionar o problema

Apesar do relato dos moradores, o secretário de Obras de Tramandaí, Márcio Soares, o Márcio Batata, como é conhecido, disse que a prefeitura recolhe diariamente os resíduos descartados irregularmente. “Infelizmente, recolhemos de manhã e, de tarde, as pessoas já descartaram de novo”, afirmou. Segundo ele, a esperança de solução está na revitalização do calçamento da avenida Senador Alberto Pasqualini e no aterro sanitário no Distrito da Estância, já em fase de licenciamento ambiental. Ainda conforme o secretário, a expectativa de conclusão é para a metade de 2022. Na quinta-feira, um dia após o contato com Soares, parte dos resíduos havia sido recolhida ao longo da avenida. Em algumas ruas, o espaço foi reaberto para o trânsito, mas montanhas de lixo ainda se acumulavam nos terrenos.

A Secretaria de Meio Ambiente é o órgão responsável pela fiscalização. “Procuramos o dono do terreno e notificamos a Secretaria de Obras para que localize e exija que seja cercado, é uma obrigação do proprietário manter o terreno cercado. Depois, conseguiríamos fazer uma arborização, algo assim”, explica a titular da pasta, Dalma Santos. Contudo, de acordo com ela, a situação não é tão simples, porque muitos estão na Dívida Ativa, por exemplo. Ainda segundo a secretária, a fiscalização já flagrou muitos descartes irregulares de carroceiros e de automóveis de empresas privadas, o que gerou boletins de ocorrência e até uma compensação ambiental. Uma transportadora de entulhos preciso doar 600 escoras de costaneira para o município cercar um ecoponto em Nova Tramandaí.

A secretária acredita que ecopontos, envolvendo o trabalho de cooperativa e dividindo responsabilidades, seriam a melhor maneira de resolver a questão. Ela também cita a conscientização. Segundo Dalma, quando os descartes são flagrados, a Secretaria orienta que existem locais adequados para estes materiais. Quando necessário, aciona a Guarda Municipal para fazer o cidadão levar o lixo para estes espaços. Existem dois pontos onde a população deve depositar o tipo de rejeito que vai parar, de forma irregular, nos terrenos (veja abaixo).

Locais de descarte regulares em Tramandaí

- Garagem da prefeitura (antiga usina do município): esquina da avenida João de Magalhães com a rua Salvador Pereira Guimarães.

- Pátio da Secretaria da Zona Sul: avenida Minas Gerais, 2.186.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895